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Futebol e memória

Jornal O Estado do Maranhão           A espécie humana tem uma característica especial, a capacidade de lembrar. Sem ela não seria possível sequer a estruturação da nossa própria personalidade. Uma das evidências disso está em doenças degenerativas como o Alzheimer. Varrendo o passado da mente das pessoas dele acometidas, destrói também a personalidade.           Mas, é preciso não cair em armadilhas. A ninguém é estranha a afirmação: “No meu tempo tudo era melhor”. A mente é seletiva ao recordar. Passado algum tempo de certos acontecimentos em nossas vidas, ela começa a selecionar apenas os fatos mais agradáveis, esquecendo muita coisa nociva ao equilíbrio psicológico. Lembrar tudo do passado seria terrível maldição. Eu mesmo tive experiência que costumo apresentar como exemplo de como eliminamos as más lembranças.           Quando fui estudar economia nos Estados Unidos, na Universidade de Notre Dame, p...

Novos empregos serão abertos, para enfrentar a tarefa hercúlea de atualizar nossa literatura

Globo On Line - 1/6/2014 João Ubaldo Ribeiro           Não sei se vocês lembram, ou que fim levou, aquela história de censurarem, expurgarem ou proibirem um livro infantil de Monteiro Lobato, por aspectos considerados racistas. De vez em quando, fico um pouco impaciente e pergunto por que não proíbem logo “Os Sertões”, com tanto racismo contido na parte que todo mundo diz que leu, mas não leu, a referente ao homem. Deve ser porque de fato não leram, senão a grita ia poder começar até mesmo por Itaparica, onde somos todos, de acordo com a visão dele, mestiços neurastênicos do litoral. A antropologia da época tinha convicções que podem hoje ser qualificadas de racistas, mas era a ciência de então e no mesmo barco estão outros cuja obra haverá de merecer ser reescrita ou banida, como Oliveira Vianna ou Sílvio Romero. Imagino que devemos até nos surpreender por ainda não terem começado uma reavaliação da figura de Machado de Assis, sob a acusação de ele ter si...

José Chagas

Jornal O Estado do Maranhão           A morte de José Chagas me leva a pensar sobre o destino da obra dos grandes homens como ele. Olhemos sua literatura. São unânimes as opiniões dos mais influentes analistas literários de nossa terra como também do restante do Brasil e até do exterior: a importância de seu trabalho é enorme. Não quero, assim, chover no molhado louvando suas qualidades indiscutíveis. Estas têm sido apontadas por gente qualificada a fazê-lo, tanto agora, quando de seu falecimento, quanto ao longo desses anos todos de farta e bela produção artística.           Vindo da Paraíba para o Maranhão em 1948, exatamente no ano em que nasci, aqui deu nesses 66 anos contribuição inestimável a nossa cultura. No entanto, o homem do campo paraibano que o habitava, ou, dizendo com mais propriedade, o homem nordestino, no que este tem de único e não maranhense – na maior parte história o Maranhão esteve mais voltado, cultural e econ...

Bola e Política

Jornal O Estado do Maranhão           A primeira Copa do Mundo realizada no Brasil, em 1950, permanece até hoje, passados sessenta e quatro anos, como lembrança dolorosa pela inesperada derrota da Seleção para o Uruguai. Necessitávamos tão só de empatar, mas perdemos por 2 a 1, apesar de termos feito 1 a 0 na partida do quadrangular final que proporcionou a obtenção pelos simpáticos uruguaios do segundo título mundial no torneio (o primeiro foi em 1930, quando o futebol era quase outro esporte em comparação com o de hoje).           Tenho escutado de pessoas sensatas, em outras circunstâncias incapazes de se deixarem levar pelas emoções do momento, o desejo de novo fracasso em casa, neste ano de 2014. Elas desejam justificadamente tirar o PT do poder, como também desejamos, eles e eu, dentro da legalidade, sem mensalão nenhum e sem tentativas de desmoralização do Supremo Tribunal Federal e, portanto, da justiça. Pensam essas pessoas ...

Refinados

Jornal O Estado do Maranhão            Vamos supor, apenas supor, porque sei que você, leitor, não é dono de empresas nem pessoa sedenta de lucro, insensível aos problemas sociais, adepto do capitalismo selvagem –que você possua uma refinaria. Um dia tem notícia da existência de outra colocada à venda por meros US$ 40 milhões. Seu instinto de homem de negócio (vou dizer baixinho: seu instinto de obter lucro no mercado) lhe diz: “Vai lá e compra, o preço está uma pechincha. Corre agora”. Chegando lá, o proprietário muda a conversa e lhe diz que as dificuldades têm sido imensas, devido a problemas trabalhistas e gerenciais. Encurtando a conversa: ele só vende por R$ US$ 350 milhões, pois precisa sair do buraco.            Você é um empresário com muito dinheiro de seu próprio bolso investido em sua própria empresa, corre riscos na concorrência com outras de seu ramo, pois pode quebrar de uma hora pra outra se não administrá...

Petrobás, privatização agora

Jornal O Estado do Maranhão           Quase todas as não poucas barbeiragens da presidente Dilma Rousseff na condução da política econômica têm fonte na inarredável implicância contra a economia de mercado, sestro esquerdista antigo. Lembram-se dos juros altíssimos que no governo Lula levaram o Brasil a ter um dos mais altos do mundo, senão o mais, e fizeram a felicidade dos bancos nacionais e multinacionais, mas ao mesmo tempo os tornaram judas em Sábado de Aleluia, malhados retoricamente pelo próprio governo? A presidente, quando assumiu o governo, resolveu baixá-los com marretadas e baixou mesmo.          Contudo, ela teve de recuar e atualmente eles são tão elevados quanto o eram no início de seu mandato. Dilma Rousseff, bacharela em economia, mas não economista, pois sua vida de guerrilheira em luta por uma ditadura de esquerda não lhe deixou tempo para estudar economia nem coisa nenhuma, achou-se possuidora da capacidade de rev...

Patrulhas na Internet

Jornal O Estado do Maranhão “Os dados da situação são bastante claros. Quando o mesmo governo que prepara, estimula e financia arruaças emite um decreto que lhe permite usar as Forças Armadas para reprimi-las, e quando, ao mesmo tempo, as autoridades e os arruaceiros se acusam mutuamente de “direitistas”, está na hora de o cidadão avisado lembrar-se, caso já os conheça, dos versos de Antonio Machado: ‘A distinguir me paro/ las voces de los ecos,/ y escucho solamente,/ entre las voces, una.’”           O leitor não deixará, ao ler o trecho acima, do filósofo Olavo de Carvalho, autor, entre diversas obras de A longa marcha da vaca para o brejo: o imbecil coletivo, de lembrar um episódio recente de arruaças na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos três Poderes em Brasília. Um dito movimento social, o MST – Movimentos dos Sem Terra, em demonstração de sua natureza violenta, capaz de destruir anos e anos de pesquisa científica em poucos minutos, como já fez mais...