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Marolas e Ondas

Jornal O Estado do Maranhão Inaudito imaginar o Brasil atravessando incólume a crise mundial destes tempos. Seria mero wishfull thinking , pensamento guiado pelo desejo, ou, por outras palavras, crença, inconsciente ou não, de que basta pensar com fervor em algo para ele se tornar realidade. Tal visão constitui a base mental da economia vudu, origem de tantos males às populações cujos governos por ela se guiam. Estas reflexões me ocorrem a propósito das declarações recentes do presidente Lula a respeito de possível imunidade brasileira à crise global que vem afetando todos os países de fato importantes na arena econômica internacional. O presente tsunami chegaria aqui apenas como marolinhas em nada capazes de causar distúrbios de monta ao país. A atividade produtiva não seria afetada (a crise seria financeira e sem efeito no lado real da economia) e, por consequência, não haveria aumento de desemprego, diminuição de renda e todo o longo cortejo de males que acompanham...

Ardil

Jornal O Estado do Maranhão O Brasil é o país do cadastro. Eu já fiz várias vezes essa afirmativa e repito: país do cadastro. Pois não é que o ministro Orlando Silva decidiu que o cidadão brasileiro terá de fazer um cadastro se quiser ir a jogos de futebol? A proposta não surpreende, dada a simpatia de seu partido, o PC do B, pelo extinto regime ditatorial da Albânia e pelas ditaduras de um modo geral, com a só exigência de serem autointituladas comunistas da linha albanesa. Pois bem, o burocrata, incapaz de reprimir a violência nos campos de futebol, obrigação do poder público, ou de oferecer segurança aos frequentadores, achou por bem, sob o argumento de assim preparar o país para a Copa do Mundo de 2014, transferir a tarefa aos cidadãos e tenta fazê-lo com o auxílio de um cartão eletrônico de acesso aos jogos. O lógico, contudo, caso se admitisse, num momento de burocratice explícita, a necessidade de mais um cadastro, seria construí-lo pela inclusão dos baderneir...

Soneca

Jornal O Estado do Maranhão Não sei se o leitor se lembra de meu assunto da semana passada. Lembra-se, claro. Não? Desculpe a pretensão. Aqui está. O ovo, considerado durantes anos e anos o vilão-mor da saúde, por nunca provados malefícios ao frágil coração humano, de repente passou a herói, a quase um certificado de garantia de que podemos viver tanto quanto Matusalém, e mais mil anos, se fizermos farras diárias e espetaculares com ele: feito farofa, omeletes e gemada. Cozido ou frito. Ovo, ovo e mais ovo. Ele foi declarado não apenas inofensivo. Passou à categoria de benemérito do nosso corpo, um insuperável viagra, uma espécie de remédio de "amplo espectro", como dizem as bulas de antibióticos, com efeitos em todo o corpo e não só nos pontos fracos da anatomia masculina. Ou nas pontas. Faz até emagrecer. Agora outra revolução, que não sei se destruirá o Ancien Régime da prática médica, decapitando em pouco tempo quem, com a descoberta, iniciou o movimento...

Pode, Não Pode

Jornal O Estado do Maranhão Eu passei quase toda minha vida de adulto ouvindo condenações definitivas ao consumo de ovo. Comê-lo era suicidar-se aos poucos ou condenar-se a eternos dramas de consciência. Quem cometesse o pecado teria poucas chances de viver mais de 30 ou 40 anos. Com sorte, chegaria a 50, pois junto com o maldito viria o acúmulo inevitável de colesterol no sangue (do mau colesterol, evidentemente). Daí ao entupimento das artérias, com todas as apavorantes consequências sobre a saúde do corpo e do bolso de quem só podia ser um autodestrutivo, seria um passo. Um ataque de coração não era apenas uma possibilidade. Tratava-se de uma certeza, como a de o fisco cobrar impostos. No meu tempo de criança, no entanto, e depois, já bem crescido, eu comia, com a permissão de minha mãe, ovo diariamente no almoço e no jantar. Pobre ovo! Suportou por tanto tempo a pecha de assassino, embora assassino de sabor inigualável, assassino de quem muita gente não gostaria d...

O Mínimo do Mínimo

Jornal O Estado do Maranhão A imprensa costuma se referir à elevação anual da massa de salário proporcionada pela elevação do mínimo como equivalente ao crescimento do consumo global da economia. A Folha de S. Paulo recentemente deu em manchete: "Aumento do mínimo injeta R$ 21 bilhões e reduz crise", acrescentando que esse dinheiro todo ajudaria o setor de alimentos. De fato, o aumento do mínimo, a curto prazo, elevará a demanda por alimentos de parte das classes de renda mais baixas. O problema é saber se mais à frente essa demanda será mantida, ou seja, se o eventual aumento de hoje se manterá em termos reais pouco adiante. Qualquer leitor atento, todavia, poderá fazer a pergunta óbvia: Se por um simples decreto relativo ao salário mínimo, foi possível ao governo "injetar" na economia aquela montanha de dinheiro, por que então não injetou logo, pelo mesmo decreto, R$ 42 bilhões, R$ 84 bilhões ou um R$ 1 trilhão, acabando de uma só cane...

Fora o Fica

Jornal O Estado do Maranhão Têm sido recorrentes propostas feitas por parlamentares de permissão de um terceiro mandato presidencial, sob o argumento da vigente popularidade do presidente. Se ele está bem, pelo menos na opinião da maioria, por que mudar? Melhor, argumentam, é deixar as coisas como estão, em que pese a possibilidade de piora na avaliação de Lula por causa da crise econômica. Mudanças na forma como o governo é avaliado ainda não se materializaram, penso eu, porque, no Brasil, apenas agora os efeitos dos problemas econômicos globais começam a apresentar efeitos relevantes em termos de aumento no desemprego e diminuição da renda das famílias. Usando uma surrada metáfora futebolística tão ao gosto de Lula, em time que está ganhando não se mexe. Mexa-se até na Constituição, com o fim de permitir duas, ou, quem sabe, um número ilimitado de reeleições, mas não na equipe e muito menos no técnico. Com mais conveniência ainda, mantenha-se o presidente do time Brasil. Tudo iss...

Barak Hussein

Jornal O Estado do Maranhão , Barak Hussein Obama contrariou os desejos dos serviços de segurança dos Estados Unidos ao determinar que as normas até agora vigentes de uso de telefone celular pelo presidente mudem: “Eu mesmo uso o meu e, por favor, providenciem um à prova de escuta”. Se não foi exatamente assim, disse a mesma coisa com outras palavras. O mesmo vale com respeito ao uso da internet por ele. Conhecedor da rede mundial como usuário experiente, o presidente americano deseja enviar e receber seus próprios e-mails pessoais, sem ninguém servindo de intermediário, bisbilhotando sua conversa com a mulher, filhas e cachorro. O presidente começa a colocar sua marca nas políticas interna e externa americanas. Um enviado especial já está no Oriente Médio com a missão de tratar do conflito entre israelitas e palestino. Esperam-se daqui em diante abordagens menos parciais em favor de Israel de parte dos Estados Unidos. A vergonhosa prisão de Guantánamo, centro de tortura oficial, loc...