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Duas estrelas

Jornal O Estado do Maranhão           Desde 1993 a Argentina não ganha título algum de importância no mundo do futebol. Vice-campeonatos obtidos em várias competições avaliadas como relevantes no mundo da bola não são e nunca serão capazes de consolar o torcedor daquele país da frustação de não ser o campeão, de não ficar no “lugar mais alto do pódio”, no linguajar dos comentaristas esportivos. Eu também não me consolaria, caso o Brasil carregasse história tão negativa há 26 anos. Aqui tal circunstância seria motivo de impeachment, se não do presidente da República, pelo menos do presidente da CBF.           Consideremos agora um segundo aspecto desse drama nacional-futebolístico. Tão longo período de ausência de vitórias importantes engloba justamente a carreira do maior jogador de futebol argentino de todos os tempos, na minha opinião, e um dos maiores de todos os tempos do universo futebolístico. Um dos traços mais característicos d...

Reino encantado

Jornal o Estado do Maranhão           Eu acho fascinante a relação de sogras com genros e, em especial, com noras. Eu falei uma vez, já faz oito anos, aqui neste espaço, sobre o famoso caso do então governador do Ceará, Cid Gomes. Ele, para alegria de sua querida sogra (ela, àquela altura, dava impressão de ser quase mais jovem do que a filha), fretou um jatinho executivo, com recursos do Estado governado por ele, o Ceará, e a levou e toda a família a um passeio pela Europa e Estados Unidos. Ele poderia, de fato, ser considerado o genro do ano, se fizessem concurso desse tipo, naquela época, naquele Estado. Ele desmentiu o mito de as sogras não serem amadas pelos maridos e mulheres das filhas e filhos.           Tem mais. Quantos genros teriam a coragem de Cid de proclamar ao mundo seu amor por um ser tão vilipendiado como a sogra? Pois ele fez isso. Não é de emocionar, não nos faz pensar em como o ser humano é bom? Homem tido como esq...

Imagine-se magro

Jornal O Estado do Maranhão           Eu me divirto bastante com especialistas de televisão, rádio e jornal. Às vezes penso que os mais engraçados são os da TV, em especial os participantes das onipresentes mesas redondas sobre futebol. Elas proporcionam aos autointitulados catedráticos do esporte a oportunidade de darem palestras hilárias, ao microfone, a milhões de pessoas e fazerem previsões quase nunca corretas. Mas, os das emissoras de rádio, em atitude de firme recusa a entregar o título do campeonato de obviedades, lançam, para ficar na linguagem futebolística, a bola nas costas dos da TV e saem proclamando vitória.           Na Copa do Mundo de futebol de 2006, eu falava sobre a sapiência futebolística destes últimos em suas pseudoanálise da Seleção brasileira e da ignorância empavonada deles. Um leitor de Recife, Luiz Alfredo Raposo, me enviou, então, esta perceptiva mensagem: “Lino, não pegue muito pesado nos ‘comentaristas’,...

Tintim por tintim

O Estado do Maranhão            O leitor já deve ter observado um dos meus temas recorrentes nesta página: a relação, no mercado de produtos e serviços, entre cliente e consumidor. Este, quase sempre, se vê diante de situações de desrespeito a seus direitos. Anteriormente, fiz aqui comentários sobre o papel dos Procons, em sua missão teórica de proteger a parte mais fraca, justamente o consumidor. Observei, então, que esses órgãos, em especial o do Maranhão, deveriam se preocupar, em vez de vestir a carapuça de antigo órgão de controle de preços, a SUNAB – Superintendência Nacional de Abastecimento e Preços, nome pomposo, a designar função inútil, e órgão extinto há muito tempo, em proteger exclusivamente o consumidor do não raro poder monopolista ou oligopolista de grandes empresas, esquivando-se por completo de controle de preços. A elevação destes só deve, em princípio, constituir preocupação se resultar de poder de mercado delas. Mas, a medida correta...

Questão de princípio

O Estado do Maranhão            O Brasil viveu, há poucas semanas, um dos episódios mais grotescos e bizarros de sua vida política das últimas décadas: a tentativa de anulação do processo em curso no Congresso Nacional, de impeachment da presidente Dilma Roussef.            O deputado Waldir Maranhão, do Maranhão, julgando estar investido de poderes efetivos, reais, além dos formais derivados do cargo de presidente da Câmara dos Deputados, por ele ocupado interinamente por causa do afastamento pelo STF do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha, e aconselhado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, do PC do B, como também pelo Advogado Geral da União, resolveu anular sessões da comissão especial as Câmara, que avaliara como admissível a acusação de crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Roussef. A prevalecer a intenção de Maranhão (não a intenção do Estado do Maranhão) o processo teria de recomeçar quase do ...

Preço a pagar

O Estado do Maranhão           Na semana passada vi na TV entrevista com três correspondentes de jornais e revistas internacionais: um russo, um escocês e um espanhol. Os três falam excelente português e soam como nativos do português brasileiro. Destaco o talento deles a fim de lembrar que não padecem de problema comum de estrangeiros em qualquer país do mundo: a barreira da língua. As sutilezas linguísticas em qualquer idioma têm essa característica de, quando menos se espera, erguerem obstáculos à comunicação, criando a sensação ao não nativo de falta de chão e de vertigem de queda em precipício.           Esses correspondentes, como é comum ocorrer em sua profissão, são bem treinados e altamente qualificados para entender e interpretar o país onde trabalham, sendo a habilidade com a língua local apenas uma entre várias. Eles também estudam a história e a vida social assim como a política das sociedades onde se encontram. Discur...

Última instância

O Estado do Maranhão           Vejo na TV, quinta-feira à noite, dia 14/4, apreciação pelo Supremo Tribunal Federal de pedido do Partido Comunista do Brasil e, igualmente, do advogado-geral da União, ambos, o partido e o advogado, na tentativa, o primeiro, de procrastinar, e o segundo, de impedir o andamento do processo de impeachment da presidente da República, Dilma Roussef.            Farei apreciação a respeito do advogado em outra ocasião. Concentro-me, de imediato, na evidente ironia de ver um partido comunista, cujo objetivo é “superar” as forças produtivas da economia capitalista e implantar a ditadura do proletariado, ou outro nome qualquer que desejem dar a ditaduras de verdade, como “democracia proletária”, a utilizar, esse partido (aqui, corro a completar o pensamento, explicitando a quem desejo me referir, isto é, ao partido, evitando, assim, anacoluto involuntário, ao estilo Dilma), mecanismos de uma democracia s...