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Copacabana, Brasil

Jornal O Estado do Maranhão Foram dois anos de angústias, sobressaltos, medo, incertezas e apenas uma certeza: se fosse descoberta seria assassinada em menos de 24 horas. Aquela mulher de 81 anos de idade, que morava na ladeira dos Tabajaras em Copacabana, chamada no passado de Princesinha do Mar, e vivia exposta aos maus humores e loucuras dos freqüentadores de uma boca de fumo próxima a sua casa, tomara a decisão de filmar as atividades diárias de traficantes e viciados em drogas em frente a sua casa. Comprou uma filmadora caseira com dificuldade, pois recebe quinhentos reais por mês como aposentada, e se pôs a reunir evidências da falta da segurança que não lhe era dada pelas autoridades. Com base nas imagens obtidas, a polícia prendeu 32 pessoas, nove delas policiais, e a mulher (não se sabe seu nome) ganhou na primeira instância do judiciário o direito de receber R$ 150 mil, como indenização pela situação de desespero em que estava por culpa do governo. Contudo se viu obrigada ...

Crise na educação

Jornal O Estado do Maranhão A História tem evidenciado incontáveis vezes que nenhum país se livrou da pobreza sem um bom sistema educacional, capaz de lançar os fundamentos do aumento de produtividade de sua mão de obra e de estabelecer as bases de uma avançada produção científica competente na criação de tecnologias de ponta que o pudessem colocar na vanguarda do progresso tecnológico na arena mundial. Se não nos assegurarmos dessa pré-condição, será impossível competir com boas chances de sucesso nos mercados internacionais e realizar nosso potencial de grande nação. Fizemos progressos extraordinários nas últimas décadas em termos quantitativos. Hoje, a não ser em casos e situações isoladas, a população em idade escolar tem pleno acesso à sala de aula, mas não a uma boa educação. De fato, o complexo educacional brasileiro é muito ruim. Pesquisa recente feita pela Unesco revela situação de todo inaceitável. Um em cada cinco alunos é reprovado no nível primário de ensino. A Namíbia, ...

Lei do mais forte

Jornal O Estado do Maranhão Há no reino do Brasil algo de muito podre por todos os lugares. Do ponto de vista das pessoas comuns, entre as quais me incluo, tudo parece se desmanchar. Na economia, o país não cresce a taxas decentes há anos; na vida social, a cultura da esperteza, da roubalheira, do jeitinho, da agressão à lei são regra e não exceção; na justiça, vê-se inação, lentidão, burocracia, ineficiência, impotência e, sobretudo, injustiça com os pobres; na educação, prevalece o partidarismo político-universitário com suas perniciosas, com respeito à qualidade do ensino, eleições para reitor, e prevalece o descaso com o ensino básico, como se todos tivessem de ser doutores ou, mais precisamente, maus doutores, que não conhecem seus ofícios e pensam saber como se conserta o mundo; nas ações do crime organizado, ação, rapidez, poder, eficiência instrumental e códigos de justiça selvagens próprios, fora do alcance da lei. Eu gastaria uma página inteira deste jornal a fim de dar n...

Magia eterna

Jornal O Estado do Maranhão No domingo passado, antes da eliminação do Brasil da Copa-2006, pela França, eu dizia: “De qualquer modo, jogo é jogo. Podemos ganhar ou perder, porém as maiores chances são nossas. Espero que neste domingo (escrevo na quinta-feira) já estejamos nos preparando para jogar com Portugal ou Inglaterra [...]”. Voltamos, ou dito de forma mais exata, os jogadores voltaram, a maioria deles, não “o grupo”, para suas casas na Europa, fugindo de explicações. Cafu, um dos poucos com a coragem de dar as caras, disse que nem sempre o melhor vence, sem lembrar que não vencemos justo porque não fomos os melhores. O Brasil mostrou, tendo excelentes jogadores, não ter um time, bom ou ruim. Talvez tenhamos adquirido a síndrome do Real Madrid Suas estrelas de todas as grandezas, não conseguem ganhar títulos importantes. Os jogadores brasileiros acreditavam que o simples fato de pisar no relvado, como dizem os valentes portugueses, os faria ganhar de qualquer um. Esse raciocí...

Galo de briga e galinha morta

Jornal O Estado do Maranhão No início desta série sobre a Copa do Mundo, falei dos palpites dos especialistas de mesa-redonda de TV, que sempre tentam mostrar sapiência futebolística em suas pseudo-análises da Seleção. O que não fiz foi mostrar a ignorância empavonada dessa turma, disfarçada em pose de doutor. Um leitor atento e perspicaz, porém, sobre quem falei anteriormente, economista e poeta nascido no Piau, de mãe piauiense e pai maranhense, que há muito mora em Pernambuco, sendo, assim, de fato, um bom nordestino, Luiz Alfredo Raposo, me enviou e-mail com este comentário: “Lino, não pegue muito pesado nos ‘comentaristas’, o mais divertido neles é justamente a ignorância. Uma ignorância cheia de ‘razões’, fatos-e-fofocas, que tem uma notável paixão de se expressar. Um desses comentaristas no SporTV, chamado Paulo César (acho que é   o nome), é pequenino, usa um discurso castiço e veemente e tem uns olhos fundos e uns óculos que lhe dão a aparência de   um catedrático ...

O fenômeno voltou

Jornal O Estado do Maranhão A Copa do Mundo prossegue sem nenhuma surpresa. A ocorrência de zebras não é característica da competição. O caro leitor-torcedor vai, espero, se lembrar de uma particularidade a que já fiz referência mais de uma vez. Em todas as Copas, desde a primeira em 1930, até a de 2002, pelo menos um membro de um pequeno conjunto de países, formado por Brasil, Argentina, Itália e Alemanha, jogou todas as partidas finais. Num caso, contra um dos outros três, como nos confrontos entre Brasil x Itália, em 1970, Itália x Alemanha, em 1982, Argentina x Alemanha, em 1986, Alemanha x Argentina, em 1990, Brasil x Itália, em 1994 e Brasil x Alemanha, em 2002. Em outro caso, contra países que não esses quatro, como nos jogos entre Uruguai x Argentina , em 1930, Itália x Tchecoslováquia, em 1934, Itália x Hungria, em 1938, Uruguai x Brasil , em 1950, Alemanha x Hungria, em 1954, Brasil x Suécia, em 1958, Brasil x Tchecoslováquia, em 1962, Inglaterra x Alemanha , em 1966, A...

O torcedor número um

Jornal O Estado do Maranhão Daqui a dois anos, o Brasil fará a comemoração dos 50 anos de seu primeiro título da Copa do Mundo, conquistado na Suécia em 1958, em 29 de junho. O país completará meio século de consolidação de sua mitologia futebolística, baseada na genialidade de muitos de seus jogadores, criadores de momentos épicos do esporte, como Pelé, Garrincha, Nilton Santos, Didi, Gérson, Tostão, Jairzinho, Zico, Rivellino, Sócrates, Cafu, Bebeto, Romário, Ronaldo, Ronaldinho, Kaká e muitos outros que simbolizam com justiça o melhor do futebol no mundo todo. Uma personalidade que não incluí nessa lista de grandes estrelas e pop stars (sendo estes, os astros de agora), porque quero falar dele com mais vagar, é a encarnação mais completa do futebol brasileiro, a paixão mais profunda por ele, o amor mais delirante, mais do que poderiam sê-lo qualquer um desses outros mencionados. Pelé por ser um mito tão dominante, coloca-se em outra categoria e com tanta força, que fala de si mesm...