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Façam o que eu digo...

Jornal O Estado do Maranhão           O cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas, doutor pela New School University e professor visitante na Universidade Stanford, construiu um Índice de Custos do Governo – ICG, concebido para medir de maneira sintética a eficiência do governo – não deste, mas de qualquer governo – em sua relação com o Congresso. As variáveis utilizadas no cálculo são: a) no lado dos custos, conforme está em artigo por ele publicado na Folha de S. Paulo, de 9/11/2017, não num jornalzinho qualquer do PCdoB: “1) quantidade de ministérios (e secretarias com status de ministério) que um presidente decide ter em seu governo; 2) total de recursos que aloca entre os ministérios (e secretarias com status de ministério) ocupados pelos membros da coalizão; 3) montante em emendas individuais que os parlamentares fazem ao Orçamento anual e que o presidente executa”. Os itens 2 e 3 têm seus valores calculados como percentagem do PIB...

Perde e ganha

Jornal O Estado do Maranhão            A vitória de Temer contra a denúncia do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mostra sua habilidade e força políticas (não à toa, ele foi presidente da Câmara três vezes), fecha uma fase exitosa de seu governo até o momento e abre outra de extrema importância para a vida nacional, quando uma reforma da previdência poderá ser feita, com o fim de evitar o colapso da previdência social.            Mas não procure nos grandes portais noticiosos qualquer avaliação positiva sobre o presidente, quando se fala a respeito da votação da quarta-feira passada. Ao contrário, há nesses saites avaliações de apresentadores e colunistas, que são quase unânimes em proclamar o enfraquecimento do presidente. Se ele ganhou no voto e se enfraqueceu, então, é conclusão lógica, deveria ter trabalhado para perder. Aí, sim, sairia fortalecido.           Percebeu, caro leitor? G...

Descolado

Jornal O Estado do Maranhão           Sabem o sujeito descolado? Diz o Houaiss: “Habilidoso na solução de questões, no trato com outrem, etc.; astuto, esperto (é um sujeito descolado, sempre consegue o que quer)”.            Blogueiros, colunistas da grande imprensa e de internet, e muitos autonomeados especialistas (estes constituem o grupo mais divertido de profissionais; morro de rir de suas explicações óbvias e de suas previsões quase sempre erradas) deram agora de dizer que a economia se descolou da chamada crise política, sem oferecer aos leitores nenhuma evidência factual sobre o tal descolamento, mas com bastantes ideias pré-concebidas e visões ideológicas tomadas como mandamentos divinos.             Aproveitando-se dessa suposta separação, a turma chega a conclusões engraçadas. Uma delas é a de que a recuperação atual (com estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto - PIB ainda peque...

Desarrumação

Jornal O Estado do Maranhão           Na quarta-feira passada, o “Estado de São Paulo” publicou editorial, no qual trata de assuntos de grande importância para o futuro do Brasil. Logo no início, o jornal fala de passagem de sério problema nacional. Ele nasce de característica do nosso mundo político: a concessão de benefícios aos brasileiros, sem preocupação com a fonte dos recursos indispensáveis a torná-los reais, arrancando-os da virtualidade. É o conhecido “depois se vê isso”, atitude contra a qual já me pronunciei, utilizando-me do ditado “dinheiro não dá em árvore”. Todavia, se desse, mesmo – acrescento agora –, deixaria de ser moeda, perdendo todas suas funções de instrumento de troca, meio de pagamento, reserva de valor, denominação comum de valores. Nesse caso, caroço de pitomba seria moeda tão boa quanto a outra, nascida na forma de folha já impressa nos galhos da pitombeira, pois a oferta de ambas seria infinita, o que as desvalorizaria instantanea...

Nós vai ser amigo de Janot

Jornal O Estado do Maranhão           O assunto da hora é o áudio da já famosa conversa entre, de um lado, Joesley Batista, de Goiás, o chefe do grupo JBS, e, de outro lado, o senhor Saud, seu braço direito e esquerdo simultaneamente, quando está em pauta este outro assunto: o oferecimento e repasse de propinas aos mundos político e governamental do Brasil. Como o leitor já sabe, Joesley e seu irmão, Wesley, por falcatruas variadas, assinaram acordo de delação premiada com o MPF, comandado pelo procurador-geral da república, o senhor Janot, cujo mandato termina em pouco mais de uma semana. O acordo serviria para torná-los imunes à Justiça.           Como é notório, Joesley, muito provavelmente orientado pelo auxiliar mais próximo de Janot, o procurador Marcelo Miller, fez, na “calada da noite”, como gosta de dizer a imprensa, gravações clandestinas de conversa que teve como presidente Temer, como parte do acordo de delação. Nos áudios ...

Condenação de Lula por Moro

Leiam aqui a parte final da decisão de Moro sobre Lula. O documento original inteiro tem mais de 200 páginas. A numeração, iniciando-se em 948, pois os itens de 1 a 947 não aparecem, é a mesma do documento original. 948. Luiz Inácio Lula da Silva Para o crime de corrupção ativa: Luiz Inácio Lula da Silva responde a outras ações penais, inclusive perante este Juízo, mas sem ainda julgamento, motivo pelo qual deve ser considerado como sem antecedentes negativos. Conduta social, motivos, comportamento da vítima são elementos neutros. Circunstâncias devem ser valoradas negativamente. A prática do crime corrupção envolveu a destinação de dezesseis milhões de reais a agentes políticos do Partido dos Trabalhadores, um valor muito expressivo. Além disso, o crime foi praticado em um esquema criminoso mais amplo no qual o pagamento de propinas havia se tornado rotina. Consequências também devem ser valoradas negativamente, pois o custo da propina foi repassado à Petro...

Aos progressistas

Luiz Alfredo Raposo Economista Fomos às ruas pela saída da fabricante de uma mega-calamidade econômica. A chefe de governo cega e surda à maior roubalheira da história universal da infâmia. O animal político que findou sem apoio congressual do próprio partido (vide DRU 2015). Com um time de bambas, o substituto faz um programa econômico sensato e muda a gestão das estatais. Melhora o jogo com o Congresso e não perde uma. Começa a funcionar e maio era o mês das reformas. Indigestas à alta burocracia e à elite sindical, sem elas, dizia o governo, o que víamos não passava de uma visita da saúde. Depois, sabia Deus... Tudo tomava jeito de final feliz, quando vem o suspeitíssimo episódio da gravação do empresário-delator. Gravação de banalidade atroz. O notável era ir alguém, com o placet de altas autoridades, espionar o chefe da Nação. Mas aí entra a coisa nossa da inversão da culpa: o crime está, não em estuprar ou espionar, mas em ser estuprado ou espionado. Lembram o ex-presiden...