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Palavras ou ações?

Jornal O Estado do Maranhão           O novo período de governo da presidente Dilma teve início com a promessa de ela fazer tudo o que disse ser intenção de Aécio Neves. Política econômica de arrocho nas contas públicas, com o fim de equilibrá-las e conter pressões inflacionárias? Aécio Neves é quem iria fazer; deixar os malvados e insensíveis banqueiros mandar na política econômica, tirando, assim, comida da boca dos pobres? Era Marina quem iria permitir, com sua banqueira de estimação a tiracolo; cortar benefícios trabalhistas, como pensão, auxílio-doença e auxílio-desemprego? Seria coisa de Aécio Neves, que é “contra a classe trabalhadora”, como qualquer esquerdista de cabeça oca sabe. Ela cortou. No discurso de posse há três dias, porém, disse: “Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários”. Deve-se acreditar em suas palavras ou em suas ações?           Não, amigo leitor, nã...

Cuba x Estados Unidos

Jornal O Estado do Maranhão           Em 8 de janeiro de 1959, quando os revolucionários, ao derrubar o regime de Fulgêncio Batista, entraram em Havana sob a liderança de um jovem Fidel Castro e de outros líderes que, em breve, por sua vez, também seriam derrubados por Fidel, eu estava a cinco semanas de completar onze anos de idade. Nesses 56 anos de lá até aqui, conheci apenas dois governantes de Cuba: os irmãos Castros, Fidel e Raúl.           Lembro a ansiedade da espera pela chegada em casa da revista “O Cruzeiro”, a de maior circulação da era pré-Veja, trazida por meu pai semanalmente. Impressionavam-me, sobretudo, imagens dos revolucionários barbudos com seus charutos, em uniformes de campanha, e dos fuzilamentos de “contrarrevolucionários” nos paredões até hoje tristemente famosos. O sangue dos perdedores correu pelo chão cubano durante alguns anos até a institucionalização da revolução e a consequente ocorrência de fuzilamento...

Lugar nenhum

Jornal O Estado do Maranhão          Este jornal fez, há duas semanas, reportagem sobre a falta de respeito às leis pelos cidadãos de nossa cidade, sob o título “Leis, principalmente de trânsito, estão sendo ignoradas em São Luís”. A matéria veio em hora certa, pois essa praga cultural e a inação das autoridades encarregadas de fazer cumprir as normas legais conspiram no reforço dessa atitude em nossa cultura e no cotidiano da comunidade desprotegida e à mercê da lei do mais forte.           Exemplos dessa rotina são abundantes no dia a dia. Como exemplificado pelo jornal, a desordem vai de estacionar em lugar proibido, com a velha, mas ainda funcional, desculpa de que “é só um minutinho”, passa pela ocupação de espaço público para fins particulares (e ai de quem tente tirar os ocupantes, pois se tornará o vilão do momento e haverá, até, quem deseje fazer de graça a defesa do pobre coitado) e continua pelo tráfego de veículos nas are...

De quem, a conta

          Passados brevíssimos três dias da eleição presidencial, o Banco Central, a mando de Dilma Rousseff, notória inimiga da autonomia do órgão, sentimento alardeado por ela durante a campanha eleitoral, elevou a taxa básica de juros da economia brasileira a 11,25%. Todos sabiam que, cedo ou tarde, medidas de contenção da inflação, entre elas essa de agora, teriam de ser tomadas, na hipótese benigna, claro, de estar na cogitação dos companheiros o combate “diuturno e noturno à inflação”, como certamente diria Dilma em dilmês, essa língua tão pitoresca, da família do búlgaro antigo. Todavia, ninguém contava com tanta pressa. Faltou um pouco de pudor, considerado o discurso aterrorizante de campanha contra, justamente, a elevação.           Em verdade, eu sempre pensei que seria Aécio Neves, caso eleito, o executor dessa política “neoliberal” e não o “partido do povo”, não o PT, na medida da representatividade efetiva da presidente das...

Programa de pesquisa

Jornal O Estado do Maranhão           A revolução modernista de 1922 chegou ao Maranhão somente em 1946, com Bandeira Tribuzi, de volta de Portugal, para onde fora com o fim de estudar em Coimbra, e de Lucy Teixeira, vinda de Minas Gerais, onde conviveu com grandes nomes da literatura mineira e da nacional. Veio dela o primeiro e mais forte incentivo à minha experiência de escrever crônicas e, depois, com a seleção de algumas delas, publicá-las no livro Pedaços da eternidade, que, imagino, teve boa acolhida do público. Ela e Tribuzi, com quem eu, um jovem economista recém-formado, trabalhei no extinto Banco de Desenvolvimento do Maranhão – BDM, difundiram a partir daquela época o Modernismo entre nós.           O acadêmico José Sarney, por ocasião da sessão magna comemorativa do centenário da Academia Maranhense de Letras – AML em 2008, quando eu presidia a instituição, sobre Lucy, afirmou que “tinha flores nas palavras”. Antes, ao r...

Projeto ilegítimo

Jornal O Estado do Maranhão           Candidatos a postos do Executivo são eleitos, em parte, pelas ideias apresentadas na campanha. Os eleitores as avaliam com as informações que possuem e tomam decisões acertadas do ponto de vista de seus interesses. Na eleição recém-encerrada, para presidente da República, um dos temas debatidos com franca radicalização foi o do controle (ou descontrole) da inflação e do papel do Banco Central na preservação do valor da moeda nacional. A presidente Dilma afirmou, com base em teoria e dados empíricos antes desconhecidos, pois vindos de Marte, que a fim de se chegar à taxa de inflação de 3% seria necessária taxa de desemprego de 15%. Sua mensagem era óbvia: ela não elevaria os juros com o objetivo de reduzir a inflação, porque tal medida faria crescer o desemprego demasiadamente. Que nos conformássemos com inflação alta e crescente. Três dias depois da eleição, ela mandou o Banco Central (lembre-se, leitor, ela não gosta de B...

Depoimento de Youssef

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