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Projeto ilegítimo

Jornal O Estado do Maranhão           Candidatos a postos do Executivo são eleitos, em parte, pelas ideias apresentadas na campanha. Os eleitores as avaliam com as informações que possuem e tomam decisões acertadas do ponto de vista de seus interesses. Na eleição recém-encerrada, para presidente da República, um dos temas debatidos com franca radicalização foi o do controle (ou descontrole) da inflação e do papel do Banco Central na preservação do valor da moeda nacional. A presidente Dilma afirmou, com base em teoria e dados empíricos antes desconhecidos, pois vindos de Marte, que a fim de se chegar à taxa de inflação de 3% seria necessária taxa de desemprego de 15%. Sua mensagem era óbvia: ela não elevaria os juros com o objetivo de reduzir a inflação, porque tal medida faria crescer o desemprego demasiadamente. Que nos conformássemos com inflação alta e crescente. Três dias depois da eleição, ela mandou o Banco Central (lembre-se, leitor, ela não gosta de B...

Depoimento de Youssef

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O herói sem caráter

Dora Kramer Remexendo na gaveta de recortes de jornais - valorosos e não raro mais úteis que o Google - encontro um texto escrito em 7 de setembro de 2010. Apenas coincidência a data da independência. O título, Macunaíma. O herói sem nenhum caráter de Mário de Andrade. Faltava pouco menos de um mês para o primeiro turno da eleição em que o então presidente Luiz Inácio da Silva fazia o "diabo" e conseguiria na etapa final realizada em 31 de outubro eleger uma incógnita como sua sucessora. Deu todas as garantias de que a chefe de sua Casa Civil, Dilma Rousseff, seria uma administradora de escol para o Brasil. Não foi, conforme comprovam os indicadores de um governo que se sustenta no índice positivo do emprego formal, cuja durabilidade depende do rumo da economia. Como ex-presidente, Lula agora pede que se renove a aposta. Sem uma justa causa, apenas baseado na ficção por ele criada de que a alternância de poder faz mal à democracia brasileira. A propósito de reflexão a res...

O DITO E O FEITO: ALGUNS FATOS QUE VOCÊ TALVEZ NÃO CONHEÇA

Por Luiz Alfredo Raposo Para os mais jovens!           A tática preferida do PT para ganhar eleições tem sido a demonização do governo de Fernando Henrique (1995-2002). Vamos ver, então, algumas coisas que aquele governo fez. E como se comportou o PT. Sim, o PT também atuou naquele período! Na democracia há um papel para o governo, e há outro papel para a oposição. Governo e oposição existem para trabalhar, cada um no seu papel, pelo bem do povo. O papel da oposição (sobretudo se é amiga do povo!) é fiscalizar e procurar impedir (p. ex., pelo voto no Congresso, ou pela ação junto à opinião pública), que medidas contrárias ao povo sejam tomadas pelo governo. E apoiar as medidas favoráveis. Oposição ao governo, sim, ao povo, nunca! Dito isso, vamos aos fatos: 1. o governo FH, entre 1995 e 1998, para proteger o real e manter a inflação lá em baixo, não hesitou em fechar alguns dos maiores bancos privados brasileiros (Banorte, Econômico, Nacional, Bamerindu...

Questão de princípio

Jornal O Estado do Maranhão           Alguns leitores têm me confrontado por suposta implicância com o PT. Quem, no entanto, tiver a paciência de percorrer minhas crônicas desde a ascensão do partido ao poder, nelas encontrará vários elogios à política econômica lulista, apontando sua correta ortodoxia e continuidade relativamente ao governo anterior. Tal orientação petista, em paralelo a condições favoráveis às commodities brasileiras nos mercados internacionais, nos proporcionou período de tranquilidade com respeito a inflação e crescimento.           A partir do segundo mandato, Lula iniciou o relaxamento das vigilâncias fiscal e monetária, mudança levada adiante por Dilma. Começamos, assim, a sofrer ameaça do populismo econômico de que resultaram as fortes pressões inflacionárias de agora. Era a volta da ideia obsoleta, àquela altura já completamente desacreditada, a não ser nos países bolivarianos, de que uma inflação um pouco alt...

Dilma e o apagão que não houve

Luiz Alfredo Raposo Economista A crise energética de 2001, que ficou conhecida por “apagão” foi, não há negar, um momento escuro do 2º governo FHC. O curioso é que, apesar de o apelido ter pegado, não houve apagão nenhum. Pelo menos, não lembro (e você?) e não encontrei na internet registro de eventos grandes e prolongados do tipo. Nem mesmo racionamento compulsório houve. Deu-se, sim, uma redução progressiva, ao longo de um ano, da oferta das usinas hidroelétricas (e, em consequência, do consumo de energia), precipitada pela inusitada escassez de chuvas, redução que prejudicou o crescimento do país. E a taxa de aumento do pib caiu de 4,2% em 2000 para 1,4% em 2001, segundo os dados oficiais. Cochilo do piloto? Não há dúvida que sim. Uma dose maior de previdência teria resultado na pronta instalação de uma capacidade-reserva de térmicas, num acionamento mais expedito de instrumentos emergenciais (como as térmicas embarcadas, os tais navios-usinas), numa aposta maior nas fontes a...

Um bom senador

Jornal O Estado do Maranhão Eu tinha 22 anos em 1970, quando o Brasil ganhou o tricampeonato mundial de Futebol, e cursava o último ano da antiga Faculdade de Economia do Maranhão. De minha turma, fomos três os selecionados para fazer em Manaus um conceituado curso de desenvolvimento então ministrado anualmente pela CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina, da OEA – Organização dos Estados Americanos, em vários países da região em sistema de rodízio: Manuel de Jesus Pinheiro Dias, Pedro Alexandre Gomes de Oliveira e eu, grupo a que se agregou Gastão Dias Vieira. Embora ele não fosse economista, mas advogado, atendia aos critérios exigidos dos participantes pela CEPAL e tinha sido escolhido por mérito próprio. Foram quatro meses de convivência diária. Escutávamos pelo rádio os jogos da seleção e os assistíamos pela televisão três dias depois porque lá não havia ainda transmissão ao vivo. Antes da ida a Manaus, eu conhecia Gastão apenas por notícias de amigos sobre sua ativa p...