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Reforma?

Jornal O Estado do Maranhão A proposta de reforma tributária levada pelo Executivo federal ao exame do Congresso Nacional tem um aspecto bastante positivo. É o da simplificação do ICMS, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços que, atualmente, tem vinte e sete diferentes legislações – cada Estado com a sua – e, veja bem o leitor, quarenta e quatro alíquotas. Caso sejam aprovadas, as novas regras substituirão esse voraz e injustificado ajuntamento de legislações estaduais por uma lei apenas e cinco alíquotas. Será uma bem-vinda simplificação do sistema tributário, reclamada, há muito tempo, por todos, em vista dos resultados positivos esperados para os Estados e o país. Mas, existe uma outra característica do projeto cuja implementação poderá resultar, mais uma vez, como sempre ocorre nos momentos de dificuldades de caixa dos governos, no aumento da carga tributária, já altíssima hoje em dia, sem nenhuma garantia de que os recursos assim retirados da economia pelos arrecada...

A força do reggae

Jornal O Estado do Maranhão A realização, recentemente, aqui em São Luís, do Reggae Roots Festival é uma reafirmação da força cultural do povo do Maranhão. Hoje, apesar das resistências e preconceitos, já enfraquecidos, porém, como se viu pela presença de muita gente de classe média no evento, o reggae é uma marca maranhense, sem prejuízo de nossas tradições. Estas, ao contrário, se enriquecem com o aporte de elementos importados e processados internamente por nós, com resultados bastante originais. Grita-se contra o reggae o argumento da suposta impureza de suas origens, por ter nascido na Jamaica. E o futebol moderno? Nascido longe daqui, tornou-se naturalmente uma das mais características manifestações da maneira brasileira de ser. Levando o argumento anti-reggae ao extremo, poderíamos observar que os colonizadores também trouxeram para cá seus valores culturais. Só que os impuseram em parte pela força. No entanto, estão na origem da Atenas Brasileira, como gostamos de ser conhecid...

Praça da alegria?

Jornal O Estado do Maranhão   Era chamado Largo da Forca ou da Forca Velha no fim do período colonial. Foi designado, depois de algum tempo de uso, provavelmente em 1815, como o único lugar em São Luís para o cumprimento das penas capitais. (O Bequimão foi executado em outro local, na praia de Trindade, e, segundo Antônio Lopes, “perto do Palácio dos Governadores, do forte da cidade e do Colégio dos jesuítas”, sendo este o Colégio de Nossa Senhora da Luz, construído onde atualmente se encontra o Palácio Arquiepiscopal). Apropriadamente, o Largo ficava perto do Cemitério Municipal, embora os enforcados não devessem lá ser enterrados. De acordo com César Marques, esse cemitério estava situado no fim da rua Grande, de frente para a do Passeio, em terreno cedido pela Câmara Municipal à Santa Casa de Misericórdia, nas proximidades do Cine Passeio de nossos dias. Carlos de Lima informa que o largo virou praça da Alegria em 1849, depois praça Sotero dos Reis em 1868, praça Colombo em 189...

Praça da alegria?

Jornal O Estado do Maranhão Era chamado Largo da Forca ou da Forca Velha no fim do período colonial. Foi designado, depois de algum tempo de uso, provavelmente em 1815, como o único lugar em São Luís para o cumprimento das penas capitais. (O Bequimão foi executado em outro local, na praia de Trindade, e, segundo Antônio Lopes, “perto do Palácio dos Governadores, do forte da cidade e do Colégio dos jesuítas”, sendo este o Colégio de Nossa Senhora da Luz, construído onde atualmente se encontra o Palácio Arquiepiscopal). Apropriadamente, o Largo ficava perto do Cemitério Municipal, embora os enforcados não devessem lá ser enterrados. De acordo com César Marques, esse cemitério estava situado no fim da rua Grande, de frente para a do Passeio, em terreno cedido pela Câmara Municipal à Santa Casa de Misericórdia, nas proximidades do Cine Passeio de nossos dias. Carlos de Lima informa que o largo virou praça da Alegria em 1849, depois praça Sotero dos Reis em 1868, praça Colombo em 1890, pra...

Justos e pecadores

Jornal O Estado do Maranhão Os fora-da-lei de todos os tipos – traficantes, assaltantes, assassinos – que, num momento de descuido do nosso sistema de administração de justiça, acabaram presos, condenados e colocados em alguma penitenciária, começaram, há algum tempo, (vejam só a esperteza imprevisível!) a usar celulares pré-pagos a fim de se comunicar com seus comparsas e dirigir seus lucrativos negócios. Alguma coisa tinha de ser feita, e foi, com o propósito de impedir a comunicação entre eles. Uma medida foi tomada, para ninguém se meter a acusar as autoridades de indiferença ante a sorte do povo e desconhecimento de seus problemas. Por sinal, foi a mais apropriada providência, em um momento de aumento do desemprego no país e crescentes preocupações com o aumento das invasões de propriedades na zona rural em todo o Brasil e de prédios nas cidades. De agora em diante, pela nova lei de número 10.703, todo adquirente dos pré-pagos será obrigado a cadastrá-los nas operadoras do serviço...

Perdas

Jornal O Estado do Maranhão O inexorável destino comum a todos nós, indiferente às virtudes e defeitos, méritos e deméritos dos que vão sucumbindo mais dia menos dias a suas exigências sem sentido, tem dado ultimamente de arrancar de nosso convívio pessoas que, pela imensa contribuição dada ao patrimônio comum de nossa cultura, tão laboriosamente construída por gerações e gerações de maranhenses, multiplicaram esse estoque de riqueza impossível de ser medida em toneladas ou em dinheiros, mas que, mesmo sendo intangível, é, no entanto, ou por isso mesmo, indispensável à vida de qualquer povo. As mortes nos últimos meses, no curto período de um ano, aproximadamente, de Eloy Coelho Neto, Amaral de Mattos, Mário Meireles, Antônio de Oliveira, estes todos da Academia Maranhense de Letras – AML, e mais de Ambrósio Amorim, já seria golpe bastante cruel para a alta cultura do Estado e a família dos mortos. Como se a imposição de semelhantes golpes, porém, não pudesse diminuir essa ânsia destru...

Estrada real

Jornal O Estado do Maranhão Proclos de Bizâncio foi o último grande expoente da Escola Neoplatônica, instalada em Alexandria no século III d. C. Ele escreveu os Comentários a Euclides , famoso matemático grego, que viveu na mesma Alexandria por volta de 300 a. C., quase seiscentos anos antes, portanto. Segundo ele, certa vez Ptolomeu I, primeiro governante da dinastia que, desde a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a. C., reinou no Egito, anteriormente parte do Império Macedônico, perguntou a Euclides se não haveria um caminho rápido no aprendizado da geometria. O matemático teria respondido: “Não há estrada real para a geometria.” Algo semelhante me disse o Euclides maranhense, em verdade Euclides Barbosa Moreira Neto, quando eu lhe perguntei se existia um caminho fácil ou se existia um segredo na feitura de tantas coisas no campo cultural, como as que ele realiza em todo o Estado. O segredo, diz ele, é o amor pela cultura em todas as suas formas e a determinação de realizar. Se olh...