Reformar ou reformar

Jornal O Estado do Maranhão

Quem está desinformado hoje sobre a situação de crise em que se encontra a economia brasileira? Ninguém, com a desonrosa exceção – não podia ser de outra forma – das esquerdas brasileiras. Mas esperem, expresso-me mal. Esse bando finge desconhecer a ameaça de colapso econômico-financeiro com todas as suas consequências socioeconômicas nefastas, em especial sobre os pobres. Todavia membros de ex-governos do PT, apoiados por seus revolucionários de gabinete com ar condicionados e, por outro, por manipuladores das necessidades mais elementares do povo desamparado, querem impedir a efetivação de reformas reparadoras dos males deixados por eles próprios, males que, se não forem eliminados, afundarão mais ainda o Brasil no buraco em que eles nos meteram. O problema não é a aritmética esquerdo-comunista, fraca, é verdade; é a aritmética mental. A reforma da Previdências, talvez a mais importante de todas, atrai a ira comunista, porque abre a perspectiva de arrancar as classes de renda mais baixa da tentativa de monopólio eleitoral sobre elas.

O mantra contrário a mudanças torra a paciência das pessoas com a história da “retirada de direitos, se ela for aprovada”. Se seus propagadores forem solicitados a dizer onde haverá prejuízo ao segurado da previdência, ficam calados ou desconversam. A verdade é esta. O PT, PCdoB e assemelhados usam o povo a fim de defender privilégios de uma classe pequena de funcionários públicos que ganha altíssimos salários e altíssimas aposentadorias. Aí está a força contrária mais tenaz contra a reforma. As regalias conferem poder descontrolado a eles, que foram capazes, ao longo do tempo, de barrar qualquer mudança. Situação como essa gerou inevitavelmente no Brasil e em outros países poderoso mecanismo de transferência de renda: arrecada-se de todos os cidadãos, para beneficiar desproporcionalmente os mais influentes. É o anti-Robin Hood em ação. E ainda falam em defender o povo! No entanto, uma das injustiças mais condenáveis a ser eliminada na Previdência é justamente o estancamento dessa transferência. Atualmente elas vão do bolso dos deserdados em direção aos dos privilegiados.

A necessidade e encontrar soluções para o problema não decorre da vontade de nenhum iluminado. Decorre de um fato da demografia. As pessoas têm uma expectativa de vida hoje muito maior do a de poucas décadas atrás. Isso leva, cada vez mais rapidamente, à diminuição do número de trabalhadores ativos que contribuem para sustentar todos os aposentados e pensionistas, relativamente ao número total destes últimos. No Brasil, no âmbito do INSS essa relação é pouco menos de 2 para 1. A relação ideal para recuperar o equilíbrio que havia quando a Constituição de 1988 foi promulgada é de 5 para 1. No setor público, a situação é mais grave: menos de um trabalhador ativo para 1 aposentado ou pensionista. Claro que existe também uma causa econômica: o baixo crescimento dos últimos anos gera poucos empregos formais. Mas, retomado o ritmo anterior, a essência do problema, o demográfico, continuará a aumentar o déficit previdenciário, considerando ainda que a expectativa de vida continua a subir.

Estamos numa situação de fazer ou fazer. Não fazer, como querem o PT, o PCdoB e o PSOL e outros contrários à reforma, equivalerá a aprofundar a pobreza e provocar o caos econômico e social.

Será esse o objetivo das forças do atraso? Não duvido nem por um segundo.

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