Estalinistas na praça

Jornal O Estado do Maranhão

          Um bando de arruaceiros dirigiu-se, com objetivos criminosos, à praça Maria Aragão, no passado dia 10 de março de 2016. Este foi o sábado do fim de semana anterior à maior manifestação popular feita no Brasil, no dia 13, contra o desgoverno do PT, que se esfarela, responsável por levar o país a crises simultâneas nos campos econômico, político e moral. Dispostos a agir com violência contra as pessoas ali presentes e encarregadas de preparar o evento, e inconformados com a perspectiva, depois confirmada, de ampla adesão ao movimento pacífico, democrático e dentro da lei, os expedicionários carregavam estiletes, xuxos, facas e porretes e, cheguei a pensar, pelas notícias, navalhas ao estilo dos antigos malandros dos morros do Rio de Janeiro, hoje portadores de potentes rifles e modernas metralhadoras. Por sorte das vítimas, os atacantes não portavam tais armas de fogo. Mas, ninguém pode garantir que, desesperados, os estalinistas-leninistas não o farão na próxima vez.
          Se eu dissesse a um marciano recém-chegado à Terra (permitam-me o recurso a Nelson Rodrigues) que tal expedição punitiva foi comandada por um secretário do governo estadual, de nome jardim, e por outro, cujo nome não me ocorre agora, da prefeitura municipal de São Luís, ele haveria de anotar no seu caderninho: “No Maranhão, nos dias de hoje, se resolvem as diferenças de opinião política no cacete, tal como elas eram resolvidas durante muito tempo de sua história”. Estaria certo o marciano. Foi a simples visão de um boneco de plástico inflado com ar, representando o ex-demiurgo Lula, a razão da incursão: pessoas foram agredidas física e moralmente, policiais militares, feridos a estilete e, vejam só, o pobre boneco foi assassinado e jogado no chão da praça, sem ter perdido uma gota de sangue, somente o ar que lhe dava vida, depois de ter furada sua fina pele por xuxo, em meio a socos, pontapés e cacetadas, desferidos pelos assaltantes nos guardiães do pobre Pixuleco (esse, o nome dele).
          Ainda bem, poderia dizer o marciano, que o superior de jardim o chamou às falas, passou-lhe uma descompostura e deu-lhe um ultimato: na próxima, olho da rua. Mas, não foi assim e, desconfio, não poderia ser, a considerarem-se as atrocidades cometidas sistematicamente por partidos comunistas ao redor do mundo, sendo os agressores, no nosso caso, pelo menos em parte, do PC do B ou seus aliados. O governador, olimpicamente, não deu uma reles palavra sobre o assunto, como se só devesse se preocupar com a segurança de seus eleitores, não com a de todos os maranhenses; nem sequer para desmentir o ocorrido, dizer que tudo era mentira da oposição. Até o desastroso governo do PT, prestes a ser retirado do poder e defendido pelo governador “diuturna e noturnamente”, usando uma expressão de legítimo dilmês, mantém as aparências e dá notas e mais notas, na tentativa de explicar o inexplicável. Mas, não o do Maranhão.
          Pois é esse governo que chamava José Sarney de coronel. Se a atitude do governador Flávio Dino não for coronelismo, então doarei meus dicionários e dispensarei os serviços do dr. Google.

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