Sem zebra
Jornal O Estado do Maranhão
O aspecto mais positivo da Copa até o momento, em minha opinião, independe de ação governamental e é inerente a nossa maneira de ver o mundo e nele a nós mesmos: a hospitalidade dispensada aos visitantes. Essa atitude nos deixará um legado positivo que, bem aproveitado, nos trará benefícios inestimáveis em futuro próximo e mais adiante, contribuindo com uma imagem positiva do Brasil no exterior e o incremento do fluxo turístico de lá para cá. O comportamento ordeiro dos torcedores e a contenção pela polícia, com o uso legítimo da força, dos baderneiros de sempre, impedidos de se aproximarem dos estádios, é a prova de que, havendo prioridade pela manutenção da ordem pública, é possível, sim, alcançá-la não só na Copa, mas no dia a dia de nossas cidades. Os cidadãos precisam ter a liberdade, assegurada pela Constituição, de ir vir. A conduta dos bons é insuficiente para a tranquilidade de suas comunidades; é indispensável a repressão aos desordeiros. Deveria haver Copa no Brasil todo ano. Só assim a segurança pública poderia melhorar. Fora dos gramados, a vergonha dos preços adicionados a preços, promessas não cumpridas e prazos estourados continuará. Mas, esse é assunto a ser tratado pelos brasileiros, terminado o torneio. Dentro de campo as coisas estão indo bem, até mesmo na aparente anormalidade das zebras.
Eis o que desejo dizer. Zebras acontecem em todas as Copas e campeonatos. O futebol seria muito chato se sempre fosse possível prever com exatidão o resultado de cada partida. Qual seria a graça, se assim fosse? A emoção estaria banida do esporte. Quem se apaixonaria por algo tão insosso? Mas a zebra, sem nunca deixar de dizer presente, não prevalece no final da luta. Até este ano, pelo menos, nunca prevaleceu. Já explico com números.
Em dezenove Copas já realizadas (esta é a vigésima), em dezoito delas um destes quatro países disputou a final e ganhou no mínimo duas vezes: Brasil, Argentina, Itália e Alemanha. Juntos eles somam quatorze títulos, ou quase 75% do total em disputa desde 1930. Se adicionarmos as seleções que foram campeãs apenas uma vez, Inglaterra, França e Espanha, três títulos em conjunto, então chegaremos a apenas sete vitoriosos em dezessete Copas, ou em 90% delas. Os quatro primeiros são os que eu chamo de potências do futebol, os outros três, potências intermediárias. Eles têm uma característica em comum: possuem populações grandes, requisito tão somente necessário, contudo não suficiente na explicação do motivo da concentração dos títulos em tão poucas mãos. Temos de adicionar uma segunda característica: seus nacionais praticam o futebol em quantidade superior a populações de muitas nações. Não é o caso da China, ou da Índia, onde as populações estão acima de um bilhão de pessoas mas o esporte não é popular. Da quantidade, surge a qualidade na forma de craques que de maneira consistente sustentarão a qualidade futebolística de uma nação por longos períodos.
Repito: somente têm sucesso na Copa países com populações grandes e em que o esporte é popular. Essas condições são atendidas por todos os vitoriosos na competição. Eles formam a elite do futebol.
Perguntarão muitos: E o Uruguai, com sua minúscula população, metade da do Maranhão? Bem, o Uruguai é quase um exceção à regra. Digo quase porque, campeão em dois Mundiais, há sessenta e quatro anos não ganha nada de importância, tempo bastante longo para colocá-lo fora do grupo de potências. Hoje, é como se nunca tivesse ganho. Quem não vence há mais tempo depois do Uruguai é a Inglaterra, 48 anos. Se eu quisesse ser bastante rigoroso, poderia tirá-la do grupo de potências, o que em nada iria alterar o meu raciocínio. Outra equipe, no entanto, pode querer desmentir a regra, ganhar desta vez e entrar no grupo dos vencedores. Não digo que os fora do G7 não possam prevalecer nunca. Digo apenas isto: serão sempre a exceção a confirmar a regra.
Por isso tudo, posso afirmar: no resultado final da Copa não existe zebra, embora ela apareça em algumas partidas isoladas.
Eis o que desejo dizer. Zebras acontecem em todas as Copas e campeonatos. O futebol seria muito chato se sempre fosse possível prever com exatidão o resultado de cada partida. Qual seria a graça, se assim fosse? A emoção estaria banida do esporte. Quem se apaixonaria por algo tão insosso? Mas a zebra, sem nunca deixar de dizer presente, não prevalece no final da luta. Até este ano, pelo menos, nunca prevaleceu. Já explico com números.
Em dezenove Copas já realizadas (esta é a vigésima), em dezoito delas um destes quatro países disputou a final e ganhou no mínimo duas vezes: Brasil, Argentina, Itália e Alemanha. Juntos eles somam quatorze títulos, ou quase 75% do total em disputa desde 1930. Se adicionarmos as seleções que foram campeãs apenas uma vez, Inglaterra, França e Espanha, três títulos em conjunto, então chegaremos a apenas sete vitoriosos em dezessete Copas, ou em 90% delas. Os quatro primeiros são os que eu chamo de potências do futebol, os outros três, potências intermediárias. Eles têm uma característica em comum: possuem populações grandes, requisito tão somente necessário, contudo não suficiente na explicação do motivo da concentração dos títulos em tão poucas mãos. Temos de adicionar uma segunda característica: seus nacionais praticam o futebol em quantidade superior a populações de muitas nações. Não é o caso da China, ou da Índia, onde as populações estão acima de um bilhão de pessoas mas o esporte não é popular. Da quantidade, surge a qualidade na forma de craques que de maneira consistente sustentarão a qualidade futebolística de uma nação por longos períodos.
Repito: somente têm sucesso na Copa países com populações grandes e em que o esporte é popular. Essas condições são atendidas por todos os vitoriosos na competição. Eles formam a elite do futebol.
Perguntarão muitos: E o Uruguai, com sua minúscula população, metade da do Maranhão? Bem, o Uruguai é quase um exceção à regra. Digo quase porque, campeão em dois Mundiais, há sessenta e quatro anos não ganha nada de importância, tempo bastante longo para colocá-lo fora do grupo de potências. Hoje, é como se nunca tivesse ganho. Quem não vence há mais tempo depois do Uruguai é a Inglaterra, 48 anos. Se eu quisesse ser bastante rigoroso, poderia tirá-la do grupo de potências, o que em nada iria alterar o meu raciocínio. Outra equipe, no entanto, pode querer desmentir a regra, ganhar desta vez e entrar no grupo dos vencedores. Não digo que os fora do G7 não possam prevalecer nunca. Digo apenas isto: serão sempre a exceção a confirmar a regra.
Por isso tudo, posso afirmar: no resultado final da Copa não existe zebra, embora ela apareça em algumas partidas isoladas.
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