Cuba Acá?
Jornal O Estado do Maranhão
Em 1959, no dia 1º de janeiro, os guerrilheiros de Fidel Castro entraram em Havana, depuseram o ditador Fulgêncio Batista e em seguida, radicalizando a revolta, o novo governo instalou sua própria ditadura comunista. A façanha foi realizada com o fuzilamento puro e simples, depois de simulacros de julgamentos, e às vezes nem isso, de membros do antigo regime em frente ao que no Brasil ficou conhecido como paredón, parede em frente à qual ocorriam as execuções.
Depois, querendo se firmar entre seus compañeros na disputa pelo poder absoluto, Fidel eliminou um bom número deles, acusados de contrarrevolucionários, traidores da pátria e vendidos ao capitalismo americano. As imagens dos fuzilamentos, publicadas obsessivamente na imprensa, são daquelas que não deixariam, como de fato não deixaram de se fixar para sempre na memória da criança que eu era então.
Conhecemos os surtos de violência das revoluções, que acabam liquidando a maior parte de sua liderança original e dificilmente se encontrará uma tão violenta contra seu próprio povo e durante um tempo tão longo, como a cubana, com exceção talvez da União Soviética, da China e do antigo Camboja (ou Campuchea). Ainda hoje, 54 anos depois, a ditadura mais antiga do mundo persegue os adversários, considerados inimigos mortais, como faz com a blogueira Yoani Sánchez, atualmente em visita ao Brasil, e fuzila, se achar necessário, quem tenha a audácia de discordar do comandante supremo.
Veja-se o fuzilamento em 1989, quarenta anos depois da revolução, por divergências com Fidel, do general Ochoa, membro por mais de 20 anos da direção do Partido Comunista de Cuba – PCC, comandante das tropas daquele país em Angola e na Etiópia e portador do título de Herói da Revolução, outorgado por Fidel. Isso não significa que Ochoa era um santinho. Apenas, escreveu, não leu....
A blogueira provocou a ira do gorilas da ilha por divulgar as péssimas condições de vida em seu país e relatar a revolta de seu povo com a ditadura mumificada, mas ainda sanguinária.
O embaixador cubano aqui chamou à embaixada gente do MST, do PT, a exemplo de um assessor de Gilberto Carvalho, o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, e outros, para distribuir um dossiê difamatório contra Yoani contendo invencionices e mais a grave acusação de que ela vai à praia e toma cerveja, além de – crime dos crimes –, comer banana em outras ocasiões. Foram informados também da presença no Brasil de agentes da polícia do regime castrista, com o fim de vigiá-la. Os presentes à reunião, com exceções, seguiram as ordens de distribuir as informações falsas, passando a perseguir Yoani onde quer que ela vá, com berreiros, insultos e até com violência física. O bobo da corte petista, Eduardo Suplicy, colou nela para atrapalhar e não quer largar.
Qualquer país cioso de sua soberania, já teria exigido explicações e expulsado de sue território o tal embaixador. Mas parece que uma jurisprudência vai se firmando, pois outro, o da Venezuela, compareceu a manifestação convocada por José Dirceu, destinada a atacar o Supremo Tribunal Federal, e não houve reação dos dirigentes do Brasil, tantas e tão íntimas são suas afinidades com os perseguidores.
Não me surpreende entendimento como esse. Está no artigo 5º da na constituição cubana: “O Partido Comunista de Cuba, martiano [relativo a José Marti] e marxista-leninista, vanguarda organizada da nação cubana, é a força dirigente superior da sociedade e do Estado [...].”.
Aí está o ideal do PT, ser a vanguarda da nação no estilo do PCC, apresentando-se como monopolista do progresso e da sensibilidade social e mandando os princípios da “democracia burguesa” às favas. Mas, duvido que os petistas desejem morar em Cuba como cidadãos comuns, sem privilégios e sujeitos a dura repressão.
Não hesitariam, porém, em estatizar os meios de comunicação do Brasil, se pudessem. Daí, a insistência no “controle social da mídia”. Mas podemos imaginar como seria, considerado o pedigree do modelo.
El PT desea crear una Cuba grande acá? Por supuesto, compañero.
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