Cantar
Jornal O Estado do Maranhão
A próxima terça-feira, dia 18 deste mês, será o dia do Coral João Mohana da Auditoria Geral do Estado – AGE fazer sua primeira apresentação, no centro administrativo do Estado, às 17:30 h.
O grupo surgiu de uma iniciativa dos funcionários, por ocasião da implantação do Programa de Qualidade Total no órgão. A direção da casa acredita na importância dessa atividade para a criação de um clima de harmonia e entendimento entre os funcionários e, como conseqüência, para a melhoria dos serviços prestados à sociedade. Por isso, aceitou a sugestão e criou o coral, com o importante apoio da Fundação Estadual da Cultura, através de seu presidente, Dr. Bulcão.
Alguém poderia supor que pessoas que trabalham com balanços, balancetes, orçamentos, relatórios, informática, cálculos financeiros, como é o caso na AGE, não poderiam interessar-se pelo canto coral, visto como atividade incompatível com as outras. A verdade, no entanto, é outra. Apesar de terem objetos diferentes, todas elas são iguais na satisfação que proporcionam a seus praticantes.
Vejo, por exemplo, em todos os funcionários da Auditoria, o orgulho de realizarem um trabalho, o de controle interno do Poder Executivo, reconhecido na administração estadual como de alto nível. Para os bons profissionais como eles, tal reconhecimento compensa a eventual aridez dos meios usados em seu trabalho. Afinal, a deles é uma tarefa nobre, a de evitar o desperdício de recursos públicos, saídos de nossos próprios bolsos.
O orgulho é semelhante ao proporcionado pelo coral a seus componentes, assim como a todos os outros companheiros que, talvez por julgarem-se sem dotes para o canto, apenas acompanham, mas com muito interesse, os progressos durante os ensaios. O canto em grupo, cujos bons resultados dependem não apenas do esforço individual, mas do esforço coordenado tendo em vista um fim único previamente acordado, que é um repertório a ser bem executado, provoca também esse mesmo sentimento de orgulho. Vale aí o lema “um por todos, todos por um”. Tudo isso fala, certamente, à alma e ao coração de todos.
Mas, ninguém se engane. Alcançar a beleza nascida do canto depende de freqüentes ensaios, duros exercícios tão exigentes quanto as atividades de controle interno.
O nome do coral, João Mohana, é uma homenagem a um homem que dedicou grande parte de seu esforço intelectual, durante trinta anos, à reunião de um riquíssimo acervo musical, motivo de satisfação para nossos conterrâneos. Constituída de músicas de compositores maranhenses ou por eles recolhidas, a coleção contém 2.125 partituras de missas, marchas, óperas, operetas, ladainhas, valsas, hinos, pastorais, dobrados, polkas, sambas.
João Mohana, de uma família de imigrantes libaneses, era médico, sacerdote, escritor e membro da Academia Maranhense de Letras, onde ocupou a cadeira número três. Escreveu dois romances, Maria da tempestade e O outro caminho, este premiado pela Academia Brasileira de Letras. Publicou vários livros de aconselhamento para casais. O mais conhecido é A vida sexual dos solteiros e casados, best seller no Brasil e no exterior. Suas obras estão traduzidas em vários idiomas. Ele faleceu em 1995.
A regente é a professora Zélia Matias, da Escola de Música do Maranhão. Sua competência é indiscutível. É uma qualidade necessária, mas não suficiente para o sucesso de um empreendimento desse tipo. Foram sua paciência, dedicação e persistência os principais ingrediente na manutenção da coesão do grupo e da consciência de que somente o esforço, não digo uníssono, pois o coral tem quatro vozes, mas conjunto, na mesma direção, seria capaz de fazer o coral ouvido e apreciado.
Dizem que quem canta seus males espanta. Pode ser. O coral João Mohana irá cantar, porém, não para espantar seus males. Eles são poucos e passageiros. Será, também, para despertar naqueles que irão escutá-lo o sentimento de comunhão com seus semelhantes que só a música, sob a inspiração de sua musa, Euterpe, pode criar em nós.
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