Sousâdrade em verso e prosa

Jornal O Estado do Maranhão 
Poesia e prosa reunidas de Sousândrade é o título do belíssimo livro, organizado por Jomar Moraes, presidente da Academia Maranhense de Letras, e por Frederick G. Williams, do Departamento de Espanhol e Português da Universidade de Brigham Young, no Utah, Estados Unidos, a ser lançado na Academia, à rua da Paz, na quarta-feira, dia 31 de março, às 19:30 h.
O luxuoso volume de 536 páginas em papel couchê, encadernado no tamanho 22cm x 32cm, tem edição promovida por Jomar com a chancela editorial das Edições AML e o apoio financeiro da Universidade Federal do Maranhão cujo reitor no início da sua feitura era o professor Othon de Carvalho Bastos, bem como da Fundação Sousândrade, dirigida pelas professoras Dinah Gomes, presidente, e Regina Luna, superintendente.
Essa publicação é parte de um projeto de mais de trinta anos dos dois pesquisadores, iniciado em 1970, quando Williams veio fazer pesquisas aqui sobre a vida e obra de Sousândrade com o fim de elaborar a tese que lhe permitiu obter em 1971 seu doutorado em português pela Universidade de Wisconsin. Em 1976 esse trabalho teve seu texto estabelecido em português com a ajuda de Jomar e foi publicado pelo antigo Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado – Sioge com o título de Sousândrade: vida e obra. Mas, ainda em 1970 os dois haviam publicado Sousândrade: inéditos e, depois, em 1978, Sousândrade: prosa.
Como dizem na apresentação do trabalho ora oferecido ao público, eles acabam de dar um grande passo em direção ao sonho de um dia publicar a poesia e a prosa completas do grande poeta maranhense. Não pretendo fazer análises da poesia dele nem me atreveria a fazê-lo. Isso é seguramente missão para os especialistas no assunto. Sua obra, descoberta, segundo Domingos Vieira Filho, por Clarindo Santiago em 1930 “em estudo interpretativo pioneiro” e redescoberta em 1960 pelos irmãos Campos, vem sendo analisada competentemente por vários estudiosos no Brasil, no Maranhão, pelo presidente da Academia, e até no exterior. Como resultado desse crescente interesse sua fortuna crítica vem crescendo acentuada, rápida e consistentemente. Desejo apenas chamar a atenção do leitor para a organização da presente edição que, com certeza, por sua qualidade, irá merecer a atenção daqueles que se interessam pela alta cultura de nossa terra.
Os organizadores do novo livro nele incluíram integralmente os dois anteriores, o de 1970 e o outro de 1978, e o enriquecem com as cópias dos manuscritos, feitos por copistas desconhecidos, mas sob a assistência do poeta, das Harpas de ouro e das Liras perdidas, onde se notam intervenções feitas por ele.
Constam desse volume de Jomar e Williams, ainda: 1) a terceira edição do Guesa, em fac-símile, feita a partir de exemplar, hoje no acervo da Academia, oferecido por Sousândrade em 1896 ao coronel Virgílio Domingues da Silva e mais tarde pertencente ao filho deste, também Virgílio, membro da Academia; 2) a segunda edição fac-similar do Novo Éden, feita a partir de exemplar, atualmente pertencente a Jomar, presenteado pelo poeta a seu amigo que governou o Maranhão, Manoel Lopes da Cunha, e depois passado ao filho do governador, o acadêmico Antônio Lopes da Cunha; 3) trabalhos em prosa, divididos em A) Literatura; B) Política-Civismo; C) Universidade: Artigos e Avisos; D) Documentos e Assuntos Diversos.
Em apêndice está o projeto de Constituição do Maranhão elaborado por comissão presidida por Sousândrade no mesmo ano, 1890, em que foi intendente de São Luís, o primeiro, prefeito hoje. Ele promoveu com vigor a educação municipal –era professor de grego no Liceu Maranhense – com a implantação de escolas noturnas e mistas, mostrando-se um administrador competente. Lutou sempre pela república, antes e depois da Proclamação, tendo sido seu desenho da atual bandeira do Estado expressão de seu entusiasmo pelo novo regime.
O lançamento fincará a partir da próxima quarta-feira um marco importante nos estudos sobre Sousândrade e será mais um justo reconhecimento do grande poeta.

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