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Bolas e boladas

Jornal O Estado do Maranhão Duas notícias relacionadas à maneira como pode funcionar o sistema de justiça no Brasil. A primeira, de agosto deste ano. A juíza da Vara de Infância e Juventude de Madureira, Mônica Labuto, resolveu despachar no meio da rua. Segundo o desembargador José Carlos Murta Ribeiro, presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ela expôs o Poder Judiciário a vexame e desobedeceu ordem de superior hierárquico no campo administrativo com o fim único de fazer proselitismo. A origem da história está nestes fatos. A Vara da Infância, instalada em janeiro, funciona em prédio onde há 14 cartórios. O Tribunal decidiu que o edifício funcionaria somente até 21h, por questão de segurança. Tal determinação quase inviabilizou o trabalho da juíza, pois diligências com o objetivo de coibir a presença de menores em bares e boates, não podem ser feitas antes da hora de fechamento do prédio pela comezinha razão de que esses estabelecimentos começam a funcionar justamente ...

Machado e maranhenses

Jornal O Estado do Maranhão Como cronista nos jornais do Rio de Janeiro, Machado de Assis fez, durante décadas, muitas referências a coisas e fatos do Maranhão, e a seus escritores. Entre estes, tinha especial admiração por Gonçalves Dias. Em crônica de novembro de 1893, revela que o vira pela primeira vez na redação do Diário do Rio de Janeiro e se emocionara: “Ouvia cantar em mim a famosa Canção do Exílio”. Mas, a muitos outros escritores maranhenses dedicou atenção também. Em conhecida página de crítica, “A Nova Geração”, de 1879, publicada na Revista Brasileira, analisa um grupo que ia surgindo, de novos escritores. Entre eles, os maranhenses Teófilo Dias e Artur Azevedo. Aí, na primeira parte da análise, afirma o declínio do Romantismo e reafirma alguns conceitos estéticos sobre o Realismo, como já o fizera e viria ainda a fazer em outras ocasiões. Não deixa, porém, de colocar a discussão em perspectiva histórica apropriada ao ligar o ocaso do Romantismo ao “desenvolvimento das...

Democracia em excesso

Jornal O Estado do Maranhão É fácil dizer que existe democracia em países ditatoriais quando não se mora lá ou quando se é presidente de outro, onde ela se impôs. Muitos que não moravam na União Soviética, mas tinham imensa admiração por Stálin e seu regime, eram a favor da ditadura do proletariado, cuja existência era justificada como forma superior organização política, mas não a suportariam, com certeza, como muitos não suportaram, residir na antiga URSS. No Brasil, eram, claro, contra a pluralidade de partidos políticos, a liberdade de imprensa, os direitos individuais, contra tudo, enfim, que lembrasse a “democracia burguesa”, pois tinham a esperança de, no futuro, o partido deles se tornar o único. Não sendo isso possível, se contentavam em aproveitar as desprezíveis liberdades de que gozavam na época, a fim de planejar a ditadura popular a ser dirigida pelos camaradas mais espertos, sem essa chatice de dar satisfações à sociedade. É de se lamentar que o presidente Lula, incan...

A cidade fala

Jornal O Estado do Maranhão São Luís fala. Fala, esta cidade. Fala por sua história, sua geografia, sua arquitetura, seu traçado português, suas ruas em ladeira, seus sobrados e igrejas; por sua gente e suas crianças; por seus ventos, como agora, pura carícia e frescor; fala por suas hipnotizantes luas cheias que o bebê com nome de rei do povo judeu olha fascinado, comparando-as com a lâmpada acesa na sacada do alto prédio, de onde se vêem navios à distância, iluminados ( com a luz da lua?) na noite tão bonita. São vários os idiomas, os signos, as linguagens reveladores da cidade. Ela fala também por seus bons escritores, artistas plásticos e fotógrafos, que os há apaixonados por ela, e muito. Vejam o caso deste São Luís, azulejo e poesia, pequeno e belo livro com texto de Antônio Carlos Lima e ilustrações de Jesus Santos, contando ainda com fotos de Márcio Vasconcelos. Antônio Carlos, um dos melhores jornalistas maranhenses, ex-diretor de redação deste jornal e ex-diretor do Centro...

Arte Cazumbá

Jornal O Estado do Maranhão Não surpreenderá o sucesso que a Companhia Cazumbá , Teatro e Dança faz no Brasil e no exterior a quem vir amostras de seus espetáculos, como vimos na semana finda, vários confrades da Academia Maranhense de Letras, no Centro de Cultura Cazumbá, na rua da Manga, no bairro do Portinho, ao lado de outros convidados do teatrólogo, coreógrafo e escritor Américo Azevedo Neto, diretor do grupo, com décadas de paixão pelas artes no Maranhão e ocupante também de uma cadeira da AML. As instalações foram reformadas, novos equipamentos de som e iluminação foram montados, e exposição e venda de livros e discos de escritores e músicos maranhenses bem como peças de artesanato estão agora permanentemente à disposição do público. A Companhia disporá daqui por diante de aprimorada infra-estrutura e atualizada tecnologia de palco. Os espetáculos, quando não estiver excursionando, serão sempre às quartas-feiras. O trabalho, um dos mais consistentes, persistentes e inteligent...

A Feira

Jornal O Estado do Maranhão A Feira. É dessa forma que deveríamos nos referir à Feira de Livros de São Luís, encerrada ontem na Praça Maria Aragão e cujo patrono foi Josué Montello, porque ela o foi de verdade, e das melhores. Foi uma promoção da Prefeitura Municipal de São Luís , contando com vários parceiros locais e nacionais e com o apoio institucional da Academia Maranhense de Letras e de entidades ligadas à produção de livros no Brasil. Como disse Jomar Moraes, em sua crônica da última quarta-feira aqui n’ O Estado do Maranhão , ela não foi a primeira em ordem cronológica, porque outras já houve.Não há de se duvidar, todavia, de sua primazia, quando se consideram a qualidade e a dimensão de que se revestiu e o ambiente de entusiasmo que gerou, refletido nos comentários dos seus freqüentadores. Foram observações feitas por escritores famosos nacionalmente, como Moacyr Scliar, que me revelou sua agradável surpresa com a dimensão nacional e boa organização do encontro, por intelec...

Em Revista

Jornal O Estado do Maranhão Acaba de vir a público compilação de artigos publicados entre 1916 e 1920 na Revista Maranhense: Artes, Ciências e Letras. A publicação de agora, da Editora Uema , da Universidade Estadual do Maranhão, tem como organizadores os professores Antonio José Silva Oliveira, Ilma Vieira dos Nascimento, José Augusto Silva Oliveira e Maria Eliana Alves Lima e, na orelha, conta com esclarecedor texto do nosso confrade da Academia Maranhense de Letras, Marialva Mont’Alverne Frota, autor, entre outras obras, de Sousândrade: o último périplo. Os textos de 1887, primeira fase da Revista, que teve três números, não foram localizados ainda, apesar dos esforços dos pesquisadores. Os divulgados agora são da segunda fase. Em 1916, vivíamos no Brasil experiência política de criação recente, pois tinha então apenas 27 anos a República brasileira. Esta nasceu sob influência do Positivismo , doutrina de cunho sociológico, com sua visão de estágios evolutivos da humanidade (teoló...