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Contas a pagar

Jornal O Estado do Maranhão Durante alguns anos no Brasil, muito se discutiu sobre o acerto ou o erro de adotarem-se orçamentos públicos equilibrados como a base de qualquer política econômica com o objetivo de controlar a inflação. Havia correntes de opinião auto-intituladas esquerdistas, mas em verdade defensoras da teoria da geração de riqueza pela impressão de papel-moeda, que afirmavam ser possível produzir déficits orçamentários sistemáticos, sem disso resultar nenhuma conseqüência com respeito ao processo inflacionário. A aceitação dessa idéia por sucessivos governos resultou na inflação crônica experimentada pelo país ao longo de muitos anos. Eliminavam-se, assim, todas as possibilidade de alcançarmos as condições de gerar os recursos necessários aos programas sociais reclamados por todos. O debate foi superado de uma forma que dá razão a Karl Marx na sua observação de que as alterações na realidade mudam as opiniões das pessoas e sua maneira de encararem o mundo, e não o cont...

Alguma dúvida?

Jornal O Estado do Maranhão Ele votou em George Bush, lutou na Guerra do Golfo e foi oficial de inteligência da marinha dos Estados Unidos. Seu nome é Scott Ritter. Ser americano, com esse currículo, não o impediu de tornar-se chefe da inspeção, exigida pelo governo de Washington e coordenada pela ONU, sobre “armas de destruição em massa”, supostamente possuídas pelo Iraque, apesar da natural suspeita dos dirigentes deste país de ele ser um mero agente do interesse do governo Bush, de invadir o seu território. Ele pareceu confirmar a avaliação de parcialidade feita pelos iraquianos ao abandonar sua função, denunciando a falta de cooperação deles com os inspetores. Mas, surpreendentemente, foi além disso. Acusou o presidente americano de manipulação do trabalho de inspeção. Em entrevista recente, disse que atualmente “os iraquianos estão cooperando”. Em sua avaliação, serão necessários de seis a doze meses até o término da missão e a produção de um relatório conclusivo sobre a existênc...

Qual tempo?

Jornal O Estado do Maranhão Sempre me ocorre fazer esta pergunta, às vésperas do Ano Novo: Passamos pelo tempo ou o tempo passa por nós? Ao longo do ano, a simples andar dos dias, das semanas e dos meses não nos dá, ou o faz de uma maneira muito atenuada, essa percepção de passagem do tempo ou de nossa passagem por ele. Períodos de vinte e quatro horas, de sete dias e ou de trinta dias são pequenos demais para fazer com que desejemos comemorá-los. As celebrações de períodos tão curtos se tornariam banais, desinteressantes e enfadonhas, pela sua freqüência. Deve ser por isso que não se comemoram aniversários mensalmente nem semanalmente. O fim de um mês, ou de um dia, e começo de outro, não nos oferece a mesma sensação de conclusão de uma volta completa e começo de outra dada pelo fim do ano. Esta última impressão nos faz sentir essa passagem como um marco temporal natural, adequado. È a intuitiva confirmação do retorno periódico de todas as coisas, até mesmo do próprio universo, no seu...

Papai Noel

Jornal O Estado do Maranhão Definitivamente, o Natal mudou. Pelo menos na maneira das crianças pedirem seus presentes ao popular Bom Velhinho. Nos últimos anos, crescentemente elas estão enviando seus pedidos pela Internet. Mas, para sua decepção, as respostas ainda demoram muito. Mesmo assim, elas insistem. Uma menina irlandesa, por exemplo, disse em uma carta: “Papai Noel, eu acho você a pessoa mais legal da Internet”. Outra explicou o seu drama: “Querido Papai Noel, eu não tenho um endereço de e-mail. Então, estou usando o do meu irmão. Por favor, não deixe nossos presentes misturarem-se". Os números são pequenos, até agora, comparados com a maneira tradicional de pedir, mas, com o crescimento exponencial da grande rede, não estará longe o dia de as cartas eletrônicas superarem em quantidade as feitas à moda antiga. Quando essa época chegar, em tempo não muito distante, vai ver algum douto analista das tendências do mundo moderno irá aparecer com a sugestão de aposentadoria par...

Algumas crônicas

Jornal O Estado do Maranhão Depois de dois anos deste exercício semanal de escrever crônicas aqui em O Estado do Maranhão , ocorreu-me a possibilidade de haver nelas material suficiente para compor um livro. Selecionei, então, utilizando critérios subjetivos, como é inevitável quando selecionamos os frutos de nosso próprio trabalho, as que me pareceram mais bem realizadas. Dessa maneira, elas teriam alguma esperança de escapar à corrosiva ação do tempo, juiz rigoroso que a tudo ameaça com a severa punição do esquecimento. Se, assim arrancadas de seu meio natural, o jornal, continuarem a parecer boas aos eventuais leitores, terão passado em um bom teste de qualidade. Se, pelo contrário, perderem qualquer sentido que possam ter tido, estarão reprovadas e, junto com elas, seu autor, mesmo antes do julgamento do tempo. Com isso em mente, compus o livro. Seu lançamento será depois de amanhã, dia 17, terça-feira, a partir das 19 horas, no Museu Histórico e Artístico do Maranhão. Na etimologi...

Resgates

Jornal O Estado do Maranhão A quinta-feira da semana passada, dia 6 de dezembro de 2002,  foi um dia importante para a história do Maranhão. Digo história como ciência do acontecido, não simplesmente como uma narrativa de fatos, caso em que ela se aproxima da literatura. Eis o que eu quero dizer: naquele dia, na sede da Academia Maranhense de Letras, foi lançado o Catálogo dos manuscritos avulsos relativos ao Maranhão existentes no Arquivo Histórico Ultramarino . Já pelo título, pode-se ver que não exagero ao atribuir ao lançamento um grande valor para o estudo científico do nosso passado. O livro apresenta treze mil fichas, com sumários de documentos históricos relativos à província do Maranhão, editadas paciente e incansavelmente por Jomar Moraes. Esse trabalho passa a ser, daqui por diante, fonte de consulta obrigatória para qualquer estudo sobre a história do Maranhão no período de 1614 a 1833. Anteriormente, a fim de consultar as fichas, o pesquisador era obrigado a ir ao Arqu...

O canto da fabril

Jornal O Estado do Maranhão Ouço notícias sobre a possível mudança do nome do canto da Fabril. De acordo com uma proposta em tramitação na Câmara dos Vereadores de São Luís, segundo uma rádio local, a nova denominação seria canto Evangélico ou algo semelhante. Não me perguntem por quê. Poderia ser o início de um ecumenismo religioso? Haveria ali por perto igrejas cristãs, católicas ou protestantes, mesquitas xiitas ou sunitas, sinagogas, templos budistas ou de religiões afro-brasileiras, ou mesmo de qualquer um desses deuses de distantes terras orientais? Não se sabe. Mas talvez seja o caso que um lugar para abrigar todos esses lugares de adoração e oração esteja em planejamento pelas autoridades. Aquele local é atravessado por dois grandes eixos. Um, na direção norte-sul, leva, no sentido sul, ao antigo Caminho Grande e, no sentido norte, ao centro da cidade. Duas pontas olhando para a história de nossa cidade. Outro eixo, perpendicular ao primeiro, indica, para o lado leste, o rio An...