Brasileirão

Jornal O Estado do Maranhão 
O campeonato brasileiro de futebol, o Brasileirão, chega ao fim com sucesso hoje. Seria melhor não fosse pelo juiz que manipulou algumas partidas, anuladas de imediato pelo tribunal de justiça desportiva. A rapidez da ação evitou as usuais polêmicas, de resultados imprevistos sobre o andamento da competição.
O acerto da forma de disputa, a mesma adotada na Europa, levou a que as duas equipes mais eficientes neste ano, Corinthians e Internacional, de Porto Alegre, sejam as únicas com chances de alcançar o título, como, aliás, acontece quando o merecimento prevalece. A razão do êxito do Brasileirão está justamente aí, num sistema de pontos corridos, com rebaixamento e jogos de todos contra todos em dois turnos. Não é o caso da Copa do Brasil, torneio cujo objetivo é dar oportunidade de vencê-lo a times sem tradição nacional, com um pouco de sorte em pequeno número de partidas eliminatórias. Os méritos dessa boa organização são da CBF.
Quem não se lembra da reação da maioria dos times às inovações impostas há poucos anos pela entidade? Muita gente preferia manter, por meros interesses imediatistas e maus hábitos o sistema anterior, irracional e confuso. Este impunha inusitados critérios de classificação tais como renda, média de público e performance em temporadas anteriores. Juntava times com excelente campanha com os de fraca, para a formação de grupos, subgrupos e grupelhos, em fases e mais fases, até o último jogo, definidor do campeão num tudo ou nada. Em 2002 o Santos chegou em 8º lugar por pontos corridos e acabou campeão no torneio eliminatório final.
Esses e outros critérios muito pouco tinham a ver com atuação no campo e acabavam premiando os medíocres do futebol. Só por coincidência ganhava o melhor. Quantas vezes arbitragens fracas, ou até mesmo desonestas, ou o acaso de uma partida ruim em uma solitária ocasião, não destruíram em poucos minutos o trabalho de meses, na vigência desse sistema maluco de antes? Os instáveis regulamentos antigos favoreciam os times grandes e tradicionais, que, por terem criado fama, podiam se deitar na cama. Quem não tivesse tradição acabava excluído e impedido de crescer. Por outras palavras, era um sistema avesso a evolução, em prejuízo do futebol brasileiro.
Pois a CBF conseguiu acabar com essa confusão. Com a organização de agora, o Brasileirão sempre premiará o melhor. O regulamento não joga o destino dos clubes em um jogo apenas, mede o desempenho deles durante o desenvolvimento do campeonato, e não em uma partida só, e, assim, tende a ficar imune a tentativas de alterações depois do início da disputa. O acaso não tem vez na determinação do campeão, embora possa ter considerável influência no vencedor de cada encontro, como é da essência dos esportes coletivos e do futebol em particular.
Existem outras características capazes de manter o certame atrativo. Os 4 primeiros colocados representam o Brasil na Taça Libertadores da América e os 7 seguintes, na Copa Sulamericana. São 11 times com participação garantida em torneios internacionais. Na outra ponta, os últimos 4, hoje, de um total de 22 (em 2006 serão apenas 2 de 20) têm de lutar com o fim de evitar o rebaixamento à série B, de acordo com o regulamento, seguido com rigor nos últimos anos, sem as antigas viradas de mesa. Os times situados entre a 12ª colocação e a 18ª lutam, por um lado, com o objetivo de subir para a Taça Sulamericana e, de outro, evitar o rebaixamento. O interesse é mantido permanentemente.
Avançamos bastante. Falta ajustar nosso calendário anual ao da Europa, com o objetivo de evitar conflitos dos jogos da Seleção com os dos times de lá, onde muitos jogadores brasileiros jogam, evitando também que estes tenham de atuar pelo Brasil durante suas férias européias.

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