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Conduta animal

Jornal O Estado do Maranhão Vejam, caros leitores, como os animais se comportam, de acordo com cientistas de renomados centros de pesquisa. A revista PLoS One , sigla em inglês de Biblioteca Pública de Ciência 1, revista científica eletrônica, publicou há poucos meses um estudo realizado na Universidade da Pensilvânia com a mosca-da-fruta, nome popular da Drosophila . Os machos da espécie, ou, podemos dizer, os machões, submetidos durante certo tempo à ingestão constante de álcool, tornaram-se mais ativos sexualmente e se danaram a perseguir as fêmeas e, surpresa, outros machos. No início da farra, quando percebiam o engano com respeito ao objeto do desejo, eles recuavam, mesmo desejosos de sexo. Os pesquisadores disseram que a reação – vamos chamá-la de reação etílico-sexual –, se acentua com o aumento da dosagem e idade: quanto maior a quantidade ingerida e mais velhos os machos doidões, mais eles se esquecem das fêmeas e atacam outros machos, conhecidos ou estranhos. Chegam, até,...

AML e Machado

Jornal O Estado do Maranhão Este 2008, ano do Centenário da Academia Maranhense de Letras, assinala também os quatrocentos anos do nascimento do padre Vieira e os cem da morte de Artur Azevedo. Centenário de morte também é o do carioca Machado de Assis. Ele mantinha ligações com o Maranhão, pois tinha amigos daqui, a exemplo de Joaquim Serra, e admirava os intelectuais maranhenses, como mostrou desde cedo em sua carreira de cronista, aos 21 anos, quando pela primeira vez referiu-se à então Província, a 11 de dezembro de 1861, no Diário do Rio de Janeiro. Deu na ocasião notícia da volta de Gonçalves Dias de uma viagem ao norte do país na condição de membro de uma Comissão Científica de Exploração. Muito tempo depois, em 1894, no dia 27 de maio, na Gazeta de Notícias, ele relatou um fato ocorrido na Bahia e aproveitou para falar de grandes maranhenses, como fizera vezes sem conta antes. Deu-se que a moça de nome Martinha, de Cachoeira, na Bahia, havia apunhalado um homem que a...

La Ravardière na Academia

Jornal O Estado do Maranhão As festividades do Centenário da Academia Maranhense de Letras têm início na sua sede à rua da Paz, 84, na próxima quinta-feira, dia 6, às 20 horas, com uma palestra sobre La Ravardière, do embaixador Vasco Mariz. Ele acaba de publicar pela editora Topbooks, do Rio de Janeiro, em co-autoria com o escritor francês Lucien Provençal, La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão ) , que será autografado após a sua fala. Estaria, só pelo livro, qualificado para falar sobre o assunto, se não o fosse também por outras razões. Ele, que já representou o Brasil em Israel, na antiga República Democrática da Alemanha, em Chipre e no Peru, tendo servido também em outros postos da carreira diplomática em Portugal, na antiga Iugoslávia, na Argentina, na Itália, nos Estados Unidos e nas Nações Unidas, é reconhecido nos meios intelectuais brasileiros como grande musicólogo, área em que construiu vasta obra, respeitada no Brasil e no exterior, e também co...

Fidel Castro

Jornal O Estado do Maranhão Quando Fidel Castro e seus companheiros de guerrilha tomaram o poder em Cuba, a partir da Sierra Maestra, derrubando o regime corrupto e ditatorial de Fulgencio Batista, eu ia completar 11 anos de idade exatamente 45 dias depois daquele 1º de janeiro de 1959, quando os revolucionários entraram em Havana, acontecimento inesquecível para minha admiração de criança nas imagens e reportagens da famosa O Cruzeiro , revista que circulou de 1928 a 1975 (ininterruptamente entre 1943 e este último ano), chegando a atingir tiragens de até 750 mil exemplares, a maior do Brasil até hoje, em relação à população, e que nos anos cinqüenta era a mais influente da imprensa brasileira. A Revolução criou excitação e esperanças nos espíritos e mentes pelo mundo afora, assolado pela pobreza e injustiça social, como até hoje. As imagens mais impressionantes foram as dos fuzilamentos no paredón da primeira leva de executados (haveria outras). Eram principalmente agentes e che...

Carlos de Lima na Academia

Jornal O Estado do Maranhão Na próxima quinta-feira, às 20:30 horas, a Academia Maranhense de Letras realizará sessão solene, quando será empossado na Cadeira 7, patroneada por Gentil Braga e fundada por Alfredo de Assis, este do grupo dos doze fundadores originais da Academia em 1908, o historiador, folclorista, escritor, poeta e ator Carlos de Lima, que será recebido pelo acadêmico Sebastião Duarte. O empossando é sucessor da saudosa Lucy Teixeira, extraordinária figura humana e intelectual brilhante, durante quase 30 anos ocupante da Cadeira, antes regida apenas por seu fundador. Presenciaremos mais uma vez um ritual marcado por necessário simbolismo, que sempre nos lembra que a imortalidade da Academia se constrói pela constante renovação de seus membros, pois após darem perenes contribuições à vida da Casa, eles se vão, permitindo novos, diferentes e revigorantes aportes ao patrimônio comum de nossa cultura pelos sucessores, que assim contribuem para a permanência dela. Carlos ...

Festa a bordo

Jornal O Estado do Maranhão “É nossa intenção que o povo brasileiro seja estimulado a dar sua contribuição ao controle e fiscalização”. Ao se ler a declaração assim, sem menção a quem pronunciou tão belas palavras, pode-se até pensar que foi dada por um militante de uma dessas Ongs que andam por toda parte, não se sabe eleitas por quem, fazendo farra com recursos públicos, transferidos a elas em valores que vêm aumentando de forma exponencial nos últimos anos, levando seus dirigentes se dedicarem com exclusividade ao bem dos brasileiros e dos próprios bolsos. Quem fez a declaração, contudo, foi o presidente Lula, quando o Portal da Transparência foi lançado em 2005. Outra, de agora, feita por Franklin Martins, ministro da Comunicação Social do mesmo Lula, e ex-presidente da UNE em tempos idos, defendeu os gastos com cartões corporativos do governo, quando surgiu o mais novo escândalo do governo, que os tem como origem. A verdade, porém, é que fizeram a festa, mesmo em sentido litera...

Carnaval em debate

Jornal O Estado do Maranhão O verdadeiro Carnaval hoje é o São João. Um leitor ali salta espantado, com seu fofão (ainda se fazem fofões), mas digo que é sem razão o espanto. A festa não é conhecida como de todo o povo? Se é assim, então o povo deveria participar das brincadeiras, não é verdade? Mas, o que se vê por aí? Dê uma volta pela cidade, cara leitora, com sua bela fantasia, fora do circuito oficial, durante o chamado reinado de Momo, rei de quem arrancaram grande parte de sua outrora tradicional gordura, a julgar pelo de Salvador com seus ridículos 58 quilos de puro osso. Não encontrará nada que não se encontre num feriado qualquer: ruas vazias, trânsito tranqüilo, doce preguiça nas calçadas e janelas, andares lentos, olhares de sesta recente, vontades de bocejar, latidos e miados sob espreguiçadeiras – idosos sobre –, ares de subúrbio sossegado, desejos de mais feriados, tudo ausente e mais alguma coisa em falta. Imagine agora o São João e faça o mesmo percurso. Não há em t...